Poucas horas antes do atentado terrorista em Londres, que deixou 4 mortos e pelos menos 20 feridos, o presidente da Turquia Tayyip Erdogan havia mandado uma mensagem ao continente: se não mudarem de atitude em relação aos muçulmanos, os europeus não terão mais segurança. O autor do atentado, Abu Izzadeen, foi identificado pelas autoridades como um islâmico radicalizado. “Se a Europa continuar assim, nenhum europeu em nenhuma parte do mundo andará pelas ruas em segurança”, afirmou o presidente turco aos jornalistas durante encontro na capital Ancara. Proibido de fazer campanha pela sua consolidação no poder dentro de um projeto ditatorial, Erdogan vem fazendo ameaças nas últimas semanas. Ainda que não haja uma ligação comprovada entre o atentado na Inglaterra e o discurso do presidente turco, a sincronia dos fatos acende um sinal de alerta entre especialistas em segurança. Embora a Turquia viva nos últimos meses um clima de ditadura, com milhares de pessoas presas sem motivo, ironicamente, Erdogan ao mesmo tempo que ameaça, reclama de desrespeito: “Nós, como turcos, pedimos que a Europa respeite os direitos humanos e a democracia”. Em especial, a Turquia tem se atritado com a Alemanha e a Holanda, após estes países cancelarem e proibirem comícios turcos em seu território. Erdogan queria fazer campanha entre os imigrantes para o referendo do dia 16 de abril, onde ele pretende mudar o regime do país e se consolidar ao mesmo tempo como um líder político e religioso, nos moldes dos antigos governantes do Império Otomano. Duas semanas atrás, em outro discurso inflamado, o presidente turco havia previsto o início de “guerras santas” na Europa, motivadas por convicções A Turquia desde 2005 vem tentando se tornar um Estado-membro da União Europeia, sabe que um dos motivos para a recusa é o “desvio autoritário” de Erdogan e as flagrantes perseguições as minorias, como os cristãos e os curdos. Caso saia vitorioso do referendo, Erdogan diz que as coisas vão mudar. “Não nos ameaçarão com nada, nem com o processo de adesão à UE nem com o acordo de readmissão [de refugiados]. Após a aprovação do sistema presidencialista em 16 de abril, ‘nascerá uma Turquia muito diferente”.