A Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) terá que recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter a suspensão do concurso público lançado pelo órgão no mês de outubro.
O certame foi suspenso pela desembargadora SÃlvia Zarif, no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), que atendeu ao pleito de candidatos que fizeram o concurso de 2014 do Legislativo estadual e ficaram fora das vagas ofertadas. A ação movida pelo grupo resultou, inicialmente, no bloqueio de R$ 10 milhões nas contas da AL-BA até que o Legislativo nomeasse os aprovados em substituição aos cargos temporários contratados sob Regime Especial de Direito Administrativo (Reda) em número equivalente. Os candidatos aprovados argumentaram, no agravo apreciado pela desembargadora SÃlvia Zarif, que a AL-BA não cumpriu a sentença integralmente.
A magistrada entendeu que a realização de novo concurso, sendo que há candidatos aguardando convocação, “ensejaria nÃtida violação ao princÃpio da moralidade”. Diante da suspensão do concurso, a AL-BA apresentou recurso no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Lá, a peça jurÃdica foi apreciada pelo presidente da Corte, ministro João Otávio de Noronha, que entendeu ser competência do STF julgar o pleito do Legislativo.
“Neste pedido de suspensão, a requerente [AL-BA] questiona a decisão da desembargadora SÃlvia Zarif que determinou a suspensão do edital do concurso nº 1/2018 e a nomeação de candidatos supostamente habilitados no cadastro de reserva do concurso n. 1/2014 e cuja fundamentação baseou-se no princÃpio constitucional da moralidade e na presumida disponibilidade orçamentária da requerente. Ao examinar a pretensão da requerente nestes autos, percebe-se o nÃtido caráter constitucional da controvérsia, tendo em vista a suposta violação do princÃpio da separação dos Poderes e a ofensa aos arts. 37, II, IV e IX, e 169, § 1º, I, da Constituição Federal”, diz o ministro, ao explicar, em seguida, que por se tratar de “concorrência de matéria constitucional”, cabe ao STF decidir o impasse.
No recurso, a defesa da AL-BA argumenta que a suspensão do concurso público causará lesão de grandes proporções aos candidatos, à administração pública e à Fundação Getúlio Vargas (FGV), empresa responsável pela realização do certame. De acordo com a Procuradoria JurÃdica da Casa, até a data em que o recurso foi protocolado no STJ, 7 de novembro, o número de inscritos no concurso já passava dos 50 mil.
Embora a Justiça estadual tenha determinado a suspensão do concurso, as inscrições transcorreram sem interrupção e se encerraram no último dia 16. A prova tem aplicação prevista para o dia 16 de dezembro.