O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) quer mostrar a sua “evolução liberal” a investidores e empresários nos Estados Unidos. O objetivo da viagem que fará ao paÃs em outubro, segundo aliados, é desfazer a imagem de desenvolvimentista/nacionalista. Segundo colocado em pesquisas de intenção de voto na disputa presidencial de 2018, Bolsonaro fará palestras em instituições do mainstream, frequentes no roteiro de polÃticos brasileiros em visita à quele paÃs, como a corretora XP, a Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos e o Council of the Americas. Por outro lado, terá agendas menos comuns. Em Nova York, visitará o presÃdio de Rikers Island, e participará de debate com o polemista conservador Olavo de Carvalho. Em Boston, terá um café da manhã com a comunidade evangélica brasileira. Os encontros com imigrantes ocorrerão nas três paradas previstas da viagem, Miami, Boston e Nova York. Nesta última, ele jantará com a ex-jogadora de vôlei Ana Paula e com o o lutador Renzo Gracie. Acompanhado dos filhos, Bolsonaro pediu para os organizadores da viagem reservarem algum tempo para passeio e compras. O cientista polÃtico Gerald Brant, que trabalha no mercado financeiro em Nova York, tem função estratégica na definição da agenda e do discurso do deputado nos Estados Unidos. Filho de mãe americana e pai diplomata brasileiro, Brant faz a ponte com instituições e também polÃticos que Bolsonaro pretende conhecer em Washington. Na capital americana, onde passará um dia, o deputado dará palestra na Universidade George Washington, para cerca de 200 pessoas, entre professores e estudantes. Aliados de Bolsonaro querem fazer da viagem um ponto de inflexão em sua imagem. Observam, reservadamente, que a pauta defendida pelo deputado é convencional para os padrões americanos, alinhada a bandeiras tradicionais da direita e do Partido Republicano. O porte de armas, por exemplo, liberado em alguns Estados americanos, é uma bandeira comum no paÃs. Da mesma forma, pautas conservadoras nos costumes, como oposição ao aborto e restrições ao casamento gay, são populares nos EUA. Bolsonaro pretende mostrar que é uma figura palatável também à imprensa estrangeira. Tem agendadas uma visita à Bloomberg e uma entrevista a um canal israelense com programação em inglês. Outro ponto que o pré-candidato quer explorar é a sua crÃtica à polÃtica externa dos governos petistas e o alinhamento aos Brics e a paÃses latino-americanos como Venezuela e Cuba. Em seu projeto de governo, o deputado defende maior engajamento com os EUA e um alinhamento comercial com Coreia do Sul, Canadá e Japão. A XP disse que o objetivo da palestra de Bolsonaro “é aproximar o mercado financeiro da economia real”. “Será um evento fechado, só para clientes institucionais, que a XP promove de forma imparcial”, disse. Eventos similares foram realizados com outros presidenciáveis como Henrique Meirelles (PSD).