Parlamentares conservadores já ameaçam deixar o DEM após o presidente do partido, ACM Neto, lançar o “Democratas Diversidade”, visando acolher públicos que ainda sofrem preconceito. Ao anunciar a criação do grupo para tratar pautas identitárias, Neto disse que seu partido “quer distância” de extremismos em 2022.
A decisão gerou insatisfação na ala conservadora. O deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), por exemplo, previsto para liderar a bancada evangélica, tem ameaçado deixar o partido, levando consigo outros evangélicos, que ele calcula serem nove.
“É um partido que sempre foi direita. Arena, PDS, PFL e então DEM”, disse, segundo informações da coluna Painel, da Folha. Ele critica ACM Neto por ter supostamente criado o grupo sem consultar a executiva do partido.
Sóstenes estaria, inclusive, estudando recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para pedir sua expulsão do DEM e abrir “a porteira para outros que queiram tomar o mesmo caminho”.
A crítica se estende ao cacique do partido, José Carlos Aleluia. “Entendo que é uma pauta da extrema esquerda. Não é uma pauta para um partido que se propõe ser democrata cristão. Isso não cabe na linha do partido”.
ACM Neto disse que respondeu a um pleito da Juventude do DEM para criação de um grupo para tratar de temas como racismo, homofobia, preconceito religioso, entre outros.
Ele afirma que o propósito do DEM Diversidade é discutir reparações históricas necessárias e que a iniciativa tem sido alvo de leituras reducionistas.
“O objetivo é tornar o partido mais amplo, inclusivo, cada vez mais aberto às mudanças da sociedade e antenado às provocações da juventude”, diz ele, que pretende concorrer ao governo da Bahia em 2022 descolando sua imagem da do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a quem apoiou nas eleições de 2018, mas rompeu depois.
Sobre o que Cavalcante apontou como estratégia eleitoral, ele responde que não precisa disso. “Sabem que eu sou altamente progressista nesse aspecto. Tive políticas na prefeitura de reparação, inclusão, afirmação. Não adianta fechar os olhos e dizer que não existe preconceito”, afirmou ACM Neto.