Quantas vezes por dia você olha para a tela do seu celular? E se, em todas essas vezes, estivesse um espião dentro do aparelho, vendo você, ouvindo, gravando, seguindo? Um espião invisível, a serviço do seu parceiro ou parceira. Assustador? Sim. Isso jamais aconteceria com você? Não diga isso antes de assistir à reportagem em vídeo. Esse crime virtual, que pra muita gente começa como ‘só uma espiadinha’, está ficando cada vez mais comum. E pode acabar em violência na vida real.4
Primeiro vem o ciúme, depois a tentativa de controlar a vida do outro. “Tudo que ele mexia no celular, whatsapp, nudes, fotos, eu falava assim, ‘eu quero saber onde que ele está agora’, clicava, aparecia onde ele estava, o lugar que ele estava”, disse uma pessoa ouvida pelo Fantástico que preferiu não se identificar. É uma pessoa que faz parte de uma estatística assustadora, divulgada por uma das maiores empresas de segurança digital do mundo: no ano passado, no Brasil, as tentativas de instalação de programas espiões nos celulares de parceiros cresceram 228%. Hoje, o Brasil é o terceiro país com maior número de instalações e usuários afetados por esse tipo de aplicativo. O Brasil perde apenas para a Rússia e a Índia.
Os programas estão cada vez mais sofisticados e deixando menos rastros. Muitos são criados especialmente por detetives particulares. E, nesse caso, tudo que o programa espião está captando, o cliente pode ver em tempo real. “Você está com o celular, eu vou tirando foto pra ver se eu consigo localizar onde você está. Ou com quem você está. Se você estiver trabalhando, na sua mesa, tá ali o seu computador e eu tô tirando foto do seu rosto sem que você saiba.”, explica uma detetive particular ouvida pelo Fantástico.
“Eu queria saber se existia uma terceira pessoa, se havia alguém com quem ele se encontrava. Alguma traição. Na verdade, não esperando encontrar, mas queria saber essa resposta. Tirar essa pulga de trás da orelha”, conta um dos clientes da detetive, que instalou o aplicativo no celular do ex-namorado. Ele não desconfiou quando ganhou um celular de presente, já com o aplicativo instalado. “Eu esperava que com esse aplicativo eu ia só tirar uma dúvida, que eu não ia ver nada disso. Mas eu encontrei tudo que eu não queria saber”, relata o cliente. A prática, cada vez mais comum, é considerada crime.