Se fossem habitantes de uma cidade, crianças e adolescentes brasileiros com alguma precariedade – seja financeira ou no acesso a direitos como educação e moradia – formariam quase três São Paulo inteiras. Isto corresponde a cerca de 32,7 milhões de pessoas com até 17 anos expostas a vulnerabilidades, ou seis em cada dez crianças no paÃs. Em relatório divulgado nesta terça-feira, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) adota um critério inédito no tratamento à pobreza entre crianças brasileiras: inclui não somente indicadores de renda per capita, mas também o cumprimento de direitos fundamentais garantidos na lei. O documento mostra que a pobreza “apenas” monetária foi reduzida na última década, mas privações de um ou mais direitos não diminuÃram na mesma proporção. Ainda assim, segundo o relatório, 18 milhões de crianças e adolescentes (34% do total) vivem em famÃlias com renda insuficiente para a compra de uma cesta básica (menos de R$ 346 mensais nas áreas urbanas e R$ 269 nas rurais). Quando são consideradas somente as privações de direitos (em seis categorias: educação, informação, trabalho infantil, moradia, água e saneamento), 26,7 milhões de crianças e adolescentes (49,7% do total) têm um ou mais direitos negados. O relatório tem como base dados da Pesquisa Nacional por Amostra de DomicÃlios (Pnad) 2015. O Unicef alerta: além de considerar nuances como a influência da raça e da região do paÃs, o desenho de polÃticas públicas para lidar com a pobreza na infância deve considerar também a assistência a mães, pais e responsáveis delas. (BBC Brasil)