
A confirmação da federação partidária entre o União Brasil e o PP, prevista para ser oficializada na próxima semana, marca uma vitória estratégica do vice-presidente do União Brasil, ACM Neto, e deve provocar uma reconfiguração nas alianças políticas no estado. O ex-prefeito e um dos principais articuladores do movimento assumirá o comando da federação na Bahia.
As tentativas do deputado federal Mário Negromonte Júnior, presidente estadual do PP, de alterar esse cenário não surtiram efeito. A Bahia foi tratada como prioridade nas negociações, especialmente diante da possibilidade de uma candidatura própria ao governo estadual e do peso da bancada federal do União Brasil no estado.
Na prática, assim como em 2022, o PP baiano deverá apoiar institucionalmente — e por imposição da federação — uma eventual candidatura de ACM Neto ao governo estadual em 2026. Esse projeto conta com o respaldo do deputado federal João Leão e de seu filho, Cacá Leão, atual secretário de Governo de Salvador e presidente municipal da legenda.
Conforme a publicação, com a formalização da federação e o realinhamento do PP, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) e o secretário estadual de Relações Institucionais, Adolfo Loyola, deram fim às tratativas para atrair o partido à base aliada. As conversas, que até então estavam apenas suspensas, foram encerradas de vez.
Fundo eleitoral
Como consequência, o governador perde o tempo de TV e o acesso ao fundo eleitoral do PP. Ainda assim, é esperado que os seis deputados estaduais da sigla, além de prefeitos ligados ao governo, migrem para outras legendas com o intuito de manter o apoio ao petista.
Lideranças da base aliada avaliam que, com a perda do PP, Jerônimo deverá estreitar laços com partidos historicamente próximos. Um exemplo é o MDB, comandado na Bahia pelos irmãos Vieira Lima, que têm se mantido fiéis ao governador. A legenda deve insistir na indicação do atual vice-governador, Geraldo Júnior, para permanecer na chapa em 2026 — e o governador vê com cautela qualquer movimento que possa afastar os emedebistas.
Outra sigla que pode ganhar espaço é o PSD. Embora a chance de um racha no partido seja considerada remota, dada a relação próxima entre Jerônimo e o senador Otto Alencar, principal liderança pessedista no estado, há quem veja espaço para nomes como o senador Angelo Coronel ganharem mais protagonismo no novo cenário.
A saída do PP da base deve abrir espaço para partidos recém-chegados ao governo. A Secretaria de Planejamento, pleiteada pelo PP, pode ser oferecida ao PDT, que deve oficializar sua entrada na base aliada em maio. Segundo interlocutores pedetistas, o acordo com o Palácio de Ondina prevê principalmente o fortalecimento da sigla com vistas às eleições de 2026.
Além do PDT, outras legendas como PSB, Podemos, Avante e o próprio PSD devem receber parlamentares que decidirem deixar o PP para permanecer na órbita do governador. No entanto, a redistribuição de forças exige uma articulação cuidadosa, especialmente diante dos cálculos eleitorais que envolvem tempo de TV, fundo partidário e viabilidade nas urnas.