‘Racha’ da Vale e desconfiança do governo da Bahia podem acelerar venda da Bamin para mineradora inglesa

Foto Sudoeste Acontece

Não é novidade que tanto o governo da Bahia como o governo federal enxergam com bons olhos a venda da Bamin (Bahia Mineração). No entanto, as gestões sempre divergiram quanto ao comprador. O governo Lula nunca fez muita questão de esconder que a Vale era sua menina dos olhos — não à toa a iminente desistência da empresa do acordo, mesmo com a preferência de compra até o final de maio, frustrou o Palácio do Planalto.

Já o governo baiano, por outro lado, sempre “torceu a boca” para a companhia. Fontes envolvidas na negociação revelaram à BNews Premium que o pé atrás da gestão estadual com a Vale se dá devido à péssima experiência com a VLI — da qual a multinacional brasileira é uma das principais acionistas —, concessionária responsável pela Ferrovia Centro-Atlântica (FCA).

Em outubro do ano passado, em meio à tentativa de renovar antecipadamente a concessão da malha ferroviária que acaba em agosto de 2026, a VLI apresentou um projeto prevendo a descontinuidade do trecho Minas-Bahia — único que corta o estado — sob a alegação de “falta de carga”.

À época, a proposta enfureceu os governos mineiro e baiano que alegaram que a VLI “sucateou” o trecho. A BNews Premium apurou, junto a fontes governistas, que o temor do governo baiano é que, caso o consórcio entre Vale, Cedro Minerações e BNDESpar adquira a Bamin — e “herde” as obras da Ferrovia Oeste-Leste I (Fiol I) e o Porto Sul —, tenha a mesma postura que VLI na gestão da FCA em território baiano.

Em meio a este xadrez, a “bola da vez” para arrematar o negócio é uma velha conhecida nas tratativas: a inglesa Brazil Iron, que controla uma mineradora em Piatã, na Chapada Diamantina. A tendência é que, após a preferência de compra da Vale se findar até o final de maio, os britânicos assumam a dianteira da negociação se tornando os favoritos para arrematar o negócio.

Mesmo tendo sede em Caetité, a Bamin — fundada em 2005 — é controlada pelo Eurasian Resources Group (ERG), grupo do Cazaquistão, desde 2010. O grupo cazaque teria investido cerca de US$ 2,2 bilhões, ao longo dos últimos anos, mas a “fonte secou”. A mineradora já assumiu publicamente os problemas financeiros e a necessidade de um investidor externo para viabilizar os projetos travados da Fiol e Porto Sul.

Diante das finanças “avermelhadas” da Bamin, a Brazil Iron já teria oferecido um aporte de US$ 1 bilhão e iniciado estudos para viabilizar o acordo de compra da mineradora, e destravar os 537 km de malha ferroviária da Fiol — que liga as cidades baianas de Caetité, no Sudoeste, e Ilhéus, no Sul, escoando minérios, grãos e outras cargas no Porto Sul.

No entanto, apesar do “apetite” inglês, ainda há indefinições para que o martelo seja batido. Mesmo com discordâncias internas a nível federal e estadual, é consenso que a Vale, dada a sua expertise e confiabilidade no mercado, era a opção mais lógica para arrematar o negócio. Com ela fora da negociação, a tendência é que o governo federal seja um pouco mais rigoroso com as demais empresas que demonstrem interesse na aquisição da Bamin.

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