
A entrega de 30 novos leitos no Hospital Geral de Guanambi (HGG), ocorrida na quinta-feira (12), passou praticamente em silêncio. A solenidade, que contou com a presença da Secretária de Saúde da Bahia, Roberta Santana, não foi divulgada previamente à imprensa local, que só soube da visita após o retorno da comitiva a Salvador.
O evento, que poderia representar alívio em meio à superlotação recorrente da unidade, não contou com cobertura jornalística, tampouco foi aberto à população. A cerimônia foi restrita a aliados do governador Jerônimo Rodrigues (PT), o que gerou críticas e levantou questionamentos sobre a intenção de evitar exposição pública de problemas ainda não resolvidos no hospital.
Segundo relatos de quem acompanhou a entrega, a direção do HGG não teria convidado propositalmente veículos de comunicação. “Um político chegou a questionar por que a imprensa não estava presente. A resposta foi simples: não avisaram”, afirmou uma fonte presente no local.
Outro ponto que causou estranhamento foi a preparação do ambiente antes da chegada da secretária. Pessoas que circulavam pelo hospital relataram que houve uma movimentação para retirar pacientes dos corredores, o que teria sido uma tentativa de maquiar a superlotação que é rotina no HGG. Coincidentemente, no dia 10, o ex-candidato ao governo ACM Neto (União Brasil) publicou um vídeo mostrando o caos na unidade de saúde, com pacientes pelos corredores e falta de estrutura.
O HGG é o maior hospital da microrregião e atende cerca de 600 mil pessoas de municípios vizinhos. Apesar de sua função principal ser a de urgência e emergência, a unidade absorve casos que deveriam ser atendidos por UPAs e UBSs, o que acentua a sobrecarga e evidencia falhas estruturais na gestão da saúde pública estadual.
A entrega dos novos leitos, que poderia ser uma medida positiva para a população, acabou sendo marcada pelo obscurantismo e pela tentativa de transformar um ato administrativo em um evento político restrito.