
A atuação do ministro da Casa Civil, Rui Costa, na tentativa de barrar a derrubada do decreto do IOF, gerou crise política e fortaleceu sua rejeição na Câmara. Bastidores apontam que a fala dura de Costa, durante reunião com líderes partidários, acirrou os ânimos e impulsionou a derrota do governo no plenário. Com Lula em viagem internacional e Haddad de férias, coube a Costa a articulação com deputados, missão que terminou em fracasso retumbante.
Durante a reunião, o ministro adotou um tom acusatório e responsabilizou o Congresso por medidas que, segundo ele, prejudicam o equilíbrio fiscal. Entre os alvos da crítica, Rui citou a desoneração de setores, o piso da enfermagem e mudanças recentes nas regras da Previdência Social. Foi um discurso que soou mal, principalmente porque muitas dessas medidas tiveram apoio direto do PT ou partiram da própria base governista. Deputados presentes afirmaram que esperavam humildade e diálogo, mas encontraram um interlocutor ríspido e disposto a apontar culpados.
Ironias e críticas vieram até de aliados: Isnaldo Bulhões (MDB) fez questão de lembrar a ausência anterior de Costa em reunião decisiva. Logo após o encontro, a insatisfação se refletiu no placar da votação: 346 votos favoráveis à urgência para derrubar o decreto do IOF. Ministros do governo e líderes no Congresso viram no episódio mais uma demonstração do desgaste crescente da articulação política do Planalto.
Nos corredores da Câmara, parlamentares comentaram que Rui Costa perdeu capital político e pode ter comprometido ambições maiores. O nome de Costa vinha sendo ventilado como um dos favoritos dentro do PT para suceder Lula na corrida presidencial de 2026. Porém, esse novo desgaste público expôs fragilidades em sua capacidade de diálogo e articulação, enfraquecendo sua imagem no Congresso.
Setores do próprio PT passaram a questionar se Rui tem, de fato, perfil para comandar uma coalizão ampla e diversa como exige a presidência. Táticas recentes da Casa Civil já vinham sendo alvo de críticas por falta de sensibilidade com o Legislativo e falhas na construção de consensos.
Uniões que antes pareciam sólidas agora revelam rachaduras, e a base aliada cobra mais presença e respeito por parte do núcleo palaciano. Vários analistas políticos avaliam que o episódio do IOF pode marcar um divisor de águas na corrida interna pela sucessão de Lula. Xadrez sucessório dentro do PT, que já conta com nomes como Fernando Haddad e Wellington Dias, agora parece menos favorável a Costa. Zelo com a imagem pública e habilidade política serão essenciais nos próximos meses para quem deseja se viabilizar como herdeiro do lulismo.