
Enquanto o Planalto planejava o São João, a Câmara deu um presente antecipado, derrubou três decretos de Lula e expôs a fragilidade do governo. Nem mesmo a articulação da ministra Gleisi Hoffmann salvou. A votação foi esmagadora. 383 votos a favor da derrubada e só 98 com o governo. Surpreendidos, ministros do Planalto ficaram sabendo da votação pelas redes sociais. A base aliada? Mais perdida que cego em tiroteio.
Curiosamente, o líder do governo, José Guimarães, nem foi avisado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta. O clima é de total desconfiança. De forma direta, Motta deixou claro que o governo ignora o Congresso, e agora paga a conta. A pauta foi colocada como um recado claro e sem rodeios. Ironicamente, a justificativa do governo para subir o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), era “ajustar as contas”. Resultado, perdeu a arrecadação e queimou capital político.
Para completar, o governo ainda cogita judicializar a derrota. Como se Supremo resolvesse crise de articulação e falta de humildade. A oposição, claro, nadou de braçada. Deu o bote enquanto o governo dormia e ainda garantiu a votação de MPs de interesse da própria base. Longe dali, Lula tentava conter o estrago. Mas, sem controle do Congresso, restou assistir à derrocada da própria agenda econômica.
Desde já, 2026 parece cada vez mais distante para o PT. O Congresso mostrou quem manda e não pretende ser coadjuvante nos próximos capítulos. Fala-se nos corredores de Brasília que o “Lulismo legislativo” acabou. Se é que um dia começou nesta nova gestão. A verdade é que a base está esfarelada, a oposição se articula melhor e o governo insiste em governar sozinho com o Congresso na sola do sapato.
Pior ainda, o pacote alternativo enviado por Haddad antes mesmo de chegar já apanhava. O Congresso leu e respondeu: “Não somos puxadinho do Executivo”. No fim, o IOF volta ao que era antes. E o governo sai menor, mais isolado e com menos credibilidade para negociar qualquer pauta futura. Talvez, após essa surra parlamentar, o governo entenda que arrogância não substitui articulação. Ou vai apanhar mais em votações futuras. Derrotado, Lula assiste a oposição se organizar, o Congresso tomar as rédeas e o povo pagar a conta não só da luz, mas da incompetência.