
A derrubada do decreto do IOF pelo Congresso acendeu o sinal vermelho no Planalto e piorou o ambiente entre os Poderes. Durante evento no Palácio do Planalto, Lula e Fernando Haddad defenderam o aumento do imposto como instrumento de justiça social e tributária. A narrativa adotada pelo governo é de que a medida afetaria apenas “os de cima”, contrariando o discurso do Congresso de que o imposto prejudica empresas.
Nos bastidores, cresce a avaliação de que o gesto do Congresso foi resposta ao autoritarismo fiscal do governo e alerta sobre sua baixa articulação política. O presidente da Câmara, Hugo Motta, reagiu às críticas afirmando que alertou o Planalto sobre a resistência à medida e negou traição ao governo. Para ele, a tentativa do PT de taxar com discurso de justiça social se transforma em polarização forçada e desgaste com a base econômica do país.
Parlamentares veem o movimento como início de uma disputa pela sucessão de 2026, com Hugo Motta ganhando espaço entre lideranças conservadoras. Com popularidade em queda, Lula tenta se reaproximar da população com promessas como isenção no IR até R$ 5 mil e energia mais barata aos mais pobres. A comunicação oficial foca em tributar bancos, bilionários e casas de apostas, reforçando a chamada “Taxação BBB: Bilionários, Bancos e Bets”.
Mesmo assim, o discurso não convence setores da economia, que apontam aumento de carga para consumidores e pequenas empresas. A votação do PDL expôs a fragilidade da articulação política do Planalto, que não conseguiu evitar uma derrota histórica nem mobilizar sua base. A movimentação de lideranças como Motta sinaliza articulação de uma frente mais liberal e conservadora de olho na sucessão presidencial.
Especulações políticas indicam que nomes como Tarcísio de Freitas, aliado de Motta, podem emergir como alternativas à reeleição de Lula. Apesar da crise, a Câmara deve votar nesta terça (1º) a urgência de um projeto que revisa incentivos fiscais, mostrando que nem todos os canais com o Planalto estão rompidos.