
Acidentes causados por animais soltos nas rodovias da Bahia têm crescido de forma preocupante. Na quarta-feira (25), um boi invadiu a BR-324, no bairro de Valéria, em Salvador. O animal derrubou um casal de motociclistas e assustou motoristas. O caso reacendeu o debate sobre a segurança nas estradas e a responsabilidade dos donos dos animais. A situação é crítica em todo o estado.
Dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) mostram que, apenas no primeiro semestre de 2025, sete pessoas morreram em acidentes com animais na pista. Somente esse ano, foram registrados 46 acidentes, com 48 feridos e sete mortes. Em 2024, no mesmo período, foram cinco mortes em 96 ocorrências.
De acordo com a PRF, os registros ocorrem com mais frequência no extremo sul do estado, em trechos que cortam áreas rurais e urbanas. Entre 2023 e 2025, mais de 500 animais foram recolhidos das rodovias nas cidades de Eunápolis, Porto Seguro, Itabela, Itamaraju e Teixeira de Freitas. A região de Mucuri, Nova Viçosa e Caravelas também aparece com alto índice de ocorrências. Os animais mais envolvidos são vacas, cavalos e jumentos.
Fábio Rocha, da Comunicação da PRF-BA, explicou que a polícia tem intensificado ações preventivas e educativas ao longo das estradas. Segundo ele, sinalizações estão sendo reforçadas em trechos críticos. Além disso, campanhas de alerta são feitas por redes sociais e imprensa. Fábio alerta que motoristas devem redobrar a atenção, especialmente à noite, e jamais tentar espantar o animal com buzinas ou gestos bruscos. A recomendação, nesses casos, é reduzir a velocidade e acionar imediatamente.
Quando o animal ainda está vivo e não há vítimas humanas, órgãos ambientais ou prefeituras são chamados para recolher o bicho com segurança. Caso o animal esteja ferido, um resgate veterinário pode ser solicitado, se houver estrutura disponível. Em caso de morte, a remoção é feita pelas autoridades locais. A veterinária Ariane Lacerda explicou que os bichos também sofrem com estresse, medo e ansiedade em meio ao tráfego, o que os deixa desnorteados.
Esses fatores aumentam a imprevisibilidade do comportamento dos animais. Em fuga, eles podem correr contra veículos, provocando tragédias. O tenente-coronel Luide Souza, especialista em trânsito, disse que a responsabilidade pelos acidentes depende da perícia técnica feita após o ocorrido. De acordo com ele, os donos dos animais podem ser punidos criminal e civilmente. A legislação é clara: abandono ou descuido pode custar vidas.
O Código Penal prevê pena para quem deixa animal em via pública e provoque sinistro. Já o Código Civil determina a obrigação de indenizar a vítima. As rodovias com mais registros de acidentes com animais em 2025 são a BR-101 (12 casos), BR-116 (11) e BR-110 (4), segundo levantamento da PRF. O cenário preocupa motoristas e autoridades, principalmente em regiões com grandes pastos abertos e pouca fiscalização nas margens das estradas.