
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) denunciou a ex-diretora do Conjunto Penal de Eunápolis, Joneuma Silva Neres, por corrupção e envolvimento com facção criminosa. Segundo as investigações, Joneuma, de 33 anos, também teria mantido um relacionamento amoroso com Ednaldo “Dadá”, detento apontado como líder de uma facção. A denúncia foi revelada na quinta-feira (3), sete meses após a fuga de 16 internos da unidade, facilitada durante sua gestão, em dezembro de 2024.
Na época da fuga, Joneuma chefiava o presídio há nove meses. Ela e o ex-coordenador de segurança, Wellington Oliveira, foram presos e seguem detidos. De acordo com o MP, a ex-diretora recebeu R$ 1,5 milhão da facção em troca de regalias concedidas a presos, incluindo visitas sem revista e entrada de eletrodomésticos. Relatos de servidores indicam que Joneuma se encontrava frequentemente com Dadá em salas de videoconferência com portas cobertas para impedir a visão externa.
Testemunhas afirmam que os encontros seriam íntimos e que o casal mantinha relações sexuais dentro da unidade. A defesa nega qualquer envolvimento afetivo ou corrupção. Além das regalias, foi identificado que a esposa de Dadá tinha acesso livre ao presídio, sem passar por inspeções, autorizada diretamente por Joneuma. O caso envolve ainda planos de fuga para o Rio de Janeiro, onde a ex-diretora teria intenção de se reunir com o chefe da facção, após o escândalo vir à tona.
Vagno Oliveira Batista, um dos fugitivos, foi preso em fevereiro e confirmou que esteve escondido na Rocinha com outros cinco detentos e o próprio Dadá. Ao todo, 18 pessoas foram denunciadas no esquema, incluindo servidores e internos. Apenas um dos fugitivos foi localizado e morreu em confronto com a polícia. No momento da prisão, em janeiro, Joneuma estava grávida. O bebê nasceu prematuro e está com ela no Conjunto Penal de Itabuna, onde segue custodiada.
A irmã e advogada da acusada, Jocelma Neres, afirma que Joneuma é inocente e alega que a ex-diretora está sendo usada como bode expiatório. A Secretaria de Administração Penitenciária da Bahia (Seap) declarou que não tolera privilégios e colaborou integralmente com as investigações do caso.