
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) voltou a alertar sobre a dificuldade de atender à demanda de energia no horário de pico nos próximos anos. Divulgado nesta terça-feira (8), o Plano da Operação Energética (PEN) 2025-2029 prevê o uso de térmicas e avalia o retorno do horário de verão como possível solução.
Segundo o ONS, o risco de déficit se intensifica no início da noite, especialmente no período seco de 2025, quando a demanda cresce e a energia solar cai. Durante esse intervalo, o sistema terá que acionar usinas térmicas além das inflexíveis e usar reservas operativas das hidrelétricas para manter a frequência.
O plano também critica o cancelamento do leilão de reserva de energia, que seria realizado em 2024 e ajudaria a reforçar a capacidade de resposta do sistema. Sem o leilão, o operador propôs medidas como antecipar térmicas previstas para 2026, preservar recursos hídricos e incentivar a resposta de demanda.
O mecanismo prevê compensação a indústrias que reduzam o consumo no horário de pico para aliviar o sistema nos momentos de maior estresse. A possível retomada do horário de verão está em avaliação e poderá ser recomendada ao Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) nos próximos meses.
O ONS destaca ainda que a crescente oferta de energia solar, que é intermitente, exige mais flexibilidade e capacidade de resposta rápida do sistema. Marcio Rea, diretor-geral do ONS, defende fontes controláveis. “Precisamos de flexibilidade para equilibrar oferta e demanda nas rampas de carga”, disse.
O operador é contra térmicas inflexíveis, como as previstas na lei de privatização da Eletrobras, que podem gerar excesso de energia em horários inadequados. Para garantir o suprimento, o PEN recomenda leilões anuais de capacidade, energia flexível e ações estruturais que evitem o agravamento da crise energética.