
A Bahia teve 1.992 focos de queimadas no primeiro semestre de 2025, o equivalente a 10,3% do total nacional, pior marca do estado desde 2013. Os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INEP) mostram que a Bahia ficou atrás apenas de Mato Grosso (18,4%) e Tocantins (13,6%) no ranking. Mesmo com a redução em outros estados, o número de focos baianos subiu pelo quarto ano consecutivo, rompendo tendência de queda nacional.
Enquanto em 2022 foram 1.655 casos, os registros subiram para 1.762 em 2023 e chegaram a 1.825 no ano passado. Em 2025, o salto foi ainda maior. Comparando com 2024, a Bahia saltou da sétima para a terceira posição entre os estados com mais queimadas nos seis primeiros meses do ano. Chama atenção o fato de que este foi o quarto pior primeiro semestre da Bahia desde o início da série histórica do Inpe, em 1998.
Jaborandi lidera o ranking estadual com 124 focos, seguida por São Desidério (122) e Santa Rita de Cássia (104), todos no Oeste baiano. Nove dos dez municípios com mais registros ficam na região Oeste, que concentrou mais de 30% das queimadas no estado em 2025.
Essas três cidades baianas concentram quase 10% dos focos de incêndio dos 30 municípios com maior incidência no país neste semestre. Especialistas alertam que os incêndios devem piorar no segundo semestre, com picos históricos entre setembro e outubro. O meteorologista Aldírio Almeida explica que, nesse período, há déficit hídrico, calor intenso e vegetação seca, combinação ideal para queimadas.
Ele afirma que o fenômeno das monções traz chuvas apenas a partir de outubro. Até lá, o cenário é de maior risco no Nordeste. Outros estados tiveram redução de focos devido a chuvas e temperaturas mais baixas. Isso ajuda a elevar a Bahia no ranking nacional. A Secretaria Estadual do Meio Ambiente intensificou ações do programa Bahia Sem Fogo, com foco em prevenção e conscientização.
A diretora da Sema, Daniella Fernandes, diz que o planejamento tem base climatológica e já percorreu 31 municípios neste ano. Segundo ela, mais de 95% dos incêndios têm origem humana. Práticas agrícolas irregulares e uso indevido do fogo estão entre as causas.
O bioma do cerrado, presente no Oeste baiano, é altamente inflamável. Mesmo assim, nem toda queimada é criminosa, ressalta Daniella. As ações educativas são prioridade, mas o infrator pode ser multado, processado e obrigado a indenizar os danos ambientais causados. Além das sanções legais, queimadas afetam diretamente a saúde pública, com aumento de doenças respiratórias, segundo a Sema.