A criação do Serviço Integrado de Atendimento a Locais de Crime (SIALC), pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), gerou críticas entre peritos criminais e especialistas. Implementada sem diálogo com a categoria, a medida une Polícia Técnica e Polícia Civil no mesmo espaço físico para atuar em cenas de crimes violentos. Entidades da perícia denunciam risco à imparcialidade das investigações, já que os peritos estarão lado a lado com agentes que podem ser investigados.
Para o presidente da Sindicato dos Peritos Criminais do Estado da Bahia (Asbac), Leonardo Fernandes, a mudança é um “retrocesso histórico” e compromete a independência conquistada desde 1977. Fernandes questiona como um perito poderá atuar com liberdade se estiver no mesmo prédio de policiais envolvidos nas ocorrências. Especialistas em segurança pública alertam que a convivência entre as duas estruturas pode gerar pressões internas e prejudicar os laudos técnicos.
O professor Luciano Bandeira Pontes lembra que, no local do crime, a autoridade é do perito e não do delegado. A proximidade, segundo ele, é perigosa. Segundo os críticos, a integração pode tornar a perícia parcial, afetando a credibilidade das investigações e fragilizando o sistema de justiça criminal. Apesar disso, o governo defende a iniciativa como forma de agilizar os processos e melhorar a preservação das cenas de crime.
Para o secretário Marcelo Werner, a atuação conjunta garante maior eficiência na coleta de provas e na elaboração de laudos periciais. Mesmo com o discurso oficial, a falta de consulta aos profissionais de campo levanta dúvidas sobre a transparência e a eficácia da mudança. No fim, o que era para ser avanço na segurança pública pode se transformar em fragilidade institucional e perda de confiança nos resultados da perícia.