A crise no setor frutícola provocou forte queda nos preços da manga no Nordeste, com perdas de até 31% e riscos de prejuízos bilionários na exportação. Dados do Hortifrúti/Cepea apontam que, entre os dias 14 e 18 de julho, os preços da manga caíram no Vale do São Francisco e em Livramento (BA). No Vale, a variedade tommy teve recuo de 4%, cotada a R$ 1,50/kg. A palmer caiu 7%, sendo vendida a R$ 2,16. Em Livramento, as quedas foram ainda maiores.
A manga tommy desvalorizou 27%, negociada a R$ 1,15/kg. Já a palmer teve baixa de 31%, sendo vendida a R$ 1,74/kg. Uma das piores marcas do ano. Especialistas apontam que a retração no consumo interno e o aumento da oferta pressionam os preços, especialmente com a intensificação da colheita. O cenário piorou após o anúncio de Donald Trump, que impôs tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, afetando diretamente o setor de frutas.
Com a nova taxa entrando em vigor em 1º de agosto, exportadores suspenderam embarques de mangas, uvas, açaí, carnes, pescados e grãos. A Associação Brasileira dos Produtores Exportadores (Abrafrutas) estima que 77 mil toneladas de frutas estejam em risco imediato de perda.
Entre os produtos retidos, 36,8 mil toneladas são de manga, além de 18,8 mil de frutas processadas, 13,8 mil de uvas e 7,6 mil de outras frutas. Segundo a Abrafrutas, cerca de 2,5 mil contêineres estão prontos para exportação, esperando por uma solução diplomática para deixar os portos.
O volume represado seria capaz de abastecer grandes capitais como Salvador, Recife e Manaus por um ano inteiro, segundo a associação. Convertida em suco, toda essa carga representaria 38,5 milhões de litros, o suficiente para encher um copo para cada brasileiro do país. Enquanto produtores amargam prejuízos e colheitas acumulam, o setor frutícola cobra urgência nas negociações para evitar perdas irreversíveis.