O Brasil perdeu nesta sábado (2) um dos maiores nomes do jornalismo nacional. José Roberto Guzzo, o J.R. Guzzo, morreu aos 82 anos. Conhecido por seu estilo direto, crítico e corajoso, Guzzo foi uma voz firme contra o pensamento único que passou a dominar boa parte da imprensa brasileira nas últimas décadas. Enquanto o jornalismo caminhava para o ativismo político, ele permaneceu íntegro.
Formado pela Escola de Comunicações e Artes da USP, Guzzo construiu uma carreira sólida e respeitada. Começou nos anos 1970 como repórter e editor. Passou por redações importantes, como a do Jornal do Brasil, onde se destacou ainda jovem.
Seu nome ganhou peso nacional quando assumiu a direção de redação da revista Veja nos anos 1980. Sob seu comando, a publicação se consolidou como a mais influente do país. Guzzo não só modernizou o estilo da revista, como também elevou o padrão de rigor editorial.
Nos anos seguintes, atuou como diretor editorial do Grupo Abril, sendo uma das mentes estratégicas por trás do sucesso da editora. Mais tarde, passou a escrever colunas em jornais como O Estado de S. Paulo e, mais recentemente, na Gazeta do Povo, onde se destacou por seus textos incisivos, com forte crítica ao populismo, ao autoritarismo disfarçado e à militância travestida de jornalismo.
Em seus últimos anos, tornou-se uma das poucas vozes da grande imprensa que criticavam abertamente os abusos da esquerda e o politicamente correto. Para muitos leitores, seus textos eram um alívio. Para outros, provocavam desconforto. Mas ninguém lhe tirava a coerência.
Guzzo acreditava que o jornalismo deveria informar, questionar e incomodar o poder, qualquer poder. Sem bajulação. Sem submissão.
Sua morte representa não apenas a perda de um jornalista brilhante, mas também o fim de uma era em que a imprensa tinha coragem de desafiar consensos artificiais. O legado de J.R. Guzzo permanece vivo nas páginas que escreveu e na lembrança de quem ainda acredita no jornalismo livre.