11 de janeiro de 2016
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Imagem Reprodução
Quando o pequeno Marcos Vinícius nasceu, ainda na maternidade, a pediatra descobriu que o pequeno tinha uma má-formação no canal da uretra, conhecida como hipospádia. Com 1 ano e meio, ele foi submetido à primeira cirurgia para tentar corrigir o problema antes da chegada da fase escolar com um cirurgião pediátrico. Com 3 anos, o garoto só podia fazer xixi sentado e foi submetido a uma segunda cirurgia, que também não deu certo e ainda fez surgir uma fístula (uma espécie de ferida) na cabeça do pênis.Preocupada com a situação e temendo o constrangimento do filho diante dos colegas, a mãe de Marcos Vinícius, a enfermeira Cátia Leal, buscou um urologista que operou o menino mais uma vez corrigindo o problema. “Apesar da minha formação em saúde, demorei em me dar conta da importância de uma avaliação feita por um especialista nessa área”, completa a mãe. Hoje, com 8 anos, o pequeno leva uma vida normal.
A hipospádia é o segundo defeito de nascença mais comum, afetando um em cada 300 recém-nascidos do sexo masculino. De acordo com o coordenador do serviço de Urologia da Universidade Federal da Bahia, Ubirajara Barroso, a avaliação urológica em bebês do sexo masculino não é uma novidade, mas ainda é pouco recomendada pelos profissionais de saúde e desconhecida da maioria dos pais. “O chamado Teste do Pintinho permite corrigir não apenas a hipospádia, mas também fimoses, incontinência urinária, aumento de volume dos testículos e ambiguidade genital em tempo hábil”, esclarece o médico.
Desfralde
Barroso relata que a avaliação é algo bem simples e deve ser realizada logo após a criança completar 2 anos e meio, no período da retirada da fralda, conhecido como desfralde. Além de avaliar as questões fisiológicas e funcionais, nesse momento, os pais também recebem orientação sobre o desfralde que, quando malfeito, pode levar aos distúrbios miccionais”, explica o médico.Barroso ressalta que o desuso da fralda, na verdade, deve obedecer à maturidade do bebê. “Se o desfralde for feito antes desse período, a criança não vai aprender a urinar, ela aprenderá, quando muito, segurar a bexiga cheia e isso é um agravante para a saúde miccional”, explica, destacando que o hábito leva a uma oxidação do órgão em virtude da acidez da urina e uma perda de sensibilidade. “Se ensinamos como urinar na fase correta é mais simples que corrigir um hábito mais tarde, quando os condicionamentos já foram criados”, esclarece.O médico destaca ainda que o controle da urina infantil passa por algumas fases evolutivas. Na primeira, a criança simplesmente se dá conta que fez a urina. Na segunda fase, ela avisa que está urinando e na última, avisa que vai urinar. “Mesmo na fase final, a criança ainda está sujeita a acidentes e até os 5 anos, aproximadamente, é normal que ainda faça xixi na cama”, diz o médico, destacando que não adianta punir ou bater.Para evitar que a criança fique constrangida, a orientação do especialista é tomar algumas medidas preventivas para evitar o xixi na cama, conhecido como enurese noturna. “A criança deve ser levada para urinar antes de dormir, não ingerir líquidos após o jantar e comer pouco sal”, sugere Barroso. O médico destaca ainda que nesse processo, é preciso ter paciência e chama atenção para um estudo nacional, realizado pela Universidade Federal de Juiz de Fora, que mostra que 60% das crianças brasileiras são colocadas de castigo por fazer xixi na cama e que 50% delas apanham, além de quase todas ouvirem reclamações. (Correio)