
A investigação sobre a compra frustrada de respiradores pelo Consórcio Nordeste volta a ameaçar Rui Costa (PT). Agora, com força institucional inédita. Nomeado por Lula, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, deu peso inédito às acusações. Pediu que o inquérito volte ao STJ. Enquanto governador da Bahia, Rui presidia o Consórcio Nordeste. Sob sua liderança, o grupo desembolsou R$ 48 milhões por equipamentos nunca entregues.
Gonet foi direto: a empresa contratada, a Hempcare Pharma, tinha capital ínfimo e zero experiência no setor. Ainda assim, venceu. A narrativa de Rui de que tudo não passava de intriga política da oposição começou a ruir. O próprio governo Lula agora precisa reagir. Importante lembrar: Rui é hoje um dos ministros mais poderosos da Esplanada. Coordena a Casa Civil. É o braço político do presidente.
Mesmo assim, Gonet não poupou críticas. Mencionou o nome de Rui, detalhou falhas e deixou claro que o caso tem substância jurídica. Desde 2020, o processo percorre instâncias diversas. STJ, Justiça Federal, STF. Foi paralisado por meses. Mas voltou à tona em maio. Durante o governo Bolsonaro, Rui virou alvo constante. O então presidente o acusava publicamente. Chamava-o de responsável pela fraude. Na época, aliados afirmavam que Rui queria o Senado por medo de prisão. Pensava em foro privilegiado como escudo contra a ofensiva.
A articulação para que João Leão assumisse o governo revelou a preocupação. Mas o plano quase custou ao PT o domínio do estado. Hoje, o fantasma da compra mal explicada ressuscita. E com ele, as incertezas sobre o futuro político de Rui Costa. Dentro do PT, a pressão aumenta. O senador Jaques Wagner e o PSD de Otto Alencar já disputam as duas vagas ao Senado pela Bahia.
A entrada de Rui nessa disputa pode desestabilizar o jogo. Lula, mais uma vez, será o juiz dessa queda de braço entre aliados. O desgaste é inevitável. Mesmo com negativa oficial de envolvimento, Rui não consegue se livrar da mancha. Nem da desconfiança pública. Se insistir na candidatura, pode virar ônus eleitoral. Se recuar, confessa o peso do escândalo. Em ambos os cenários, o dano é real.
Não há mais como tratar o caso como fofoca de adversários. É investigação oficial, reforçada por um PGR alinhado ao governo. Ao fim, o caso dos respiradores vai além de uma disputa jurídica. É um teste ético para o PT e um divisor político para Rui Costa. Cabe agora a Lula decidir se banca o aliado ou recua para proteger o projeto nacional. Porque o caso, definitivamente, explodiu.