A Bahia, líder nos índices de violência do país, enfrenta um déficit alarmante na Polícia Militar. Faltam quase 15 mil policiais para atingir o mínimo necessário, segundo relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE) divulgado nesta quinta-feira (7). O parecer técnico aponta que o estado tem apenas 31.221 policiais na ativa, quando seriam necessários cerca de 59,4 mil para atender a população de 14,8 milhões de habitantes.
O déficit é de 47,43%, muito acima do aceitável e distante do parâmetro da ONU, que recomenda um policial para cada 250 pessoas. Especialistas alertam que o problema não é novo. Vinte anos de governos do PT deixaram a segurança pública em colapso. No sul do estado, um trecho de estrada já é chamado pela população de “Faixa de Gaza”, símbolo do avanço da criminalidade.
Para o professor de Direito Penal e especialista em segurança pública, Luciano Bandeira Pontes, a situação é resultado da falta de políticas consistentes. “Há aposentadorias, mortes e afastamentos, mas o governo não repõe o efetivo na mesma velocidade. Concursos são raros e insuficientes”, critica. O especialista também aponta falhas estruturais. Policiais saem às ruas sem treinamento adequado, com viaturas sucateadas e salários desmotivadores. “A tropa está acuada. Muitos têm medo de agir para não sofrer punições administrativas. Isso paralisa o combate ao crime e fortalece os bandidos”, afirma.
Enquanto o governo anuncia investimentos pontuais e contratações tímidas, a violência se expande para todas as regiões. Comunidades inteiras vivem sob o domínio do tráfico, e crimes como assaltos, homicídios e extorsões se tornam rotina. A crise na segurança baiana expõe um cenário de abandono. O abismo entre a necessidade e a realidade policial alimenta o poder do crime organizado e deixa milhões de cidadãos à mercê da própria sorte. Sem uma ação imediata e profunda, a Bahia seguirá como o estado mais violento do Brasil e o custo disso será pago com vidas.