
Descoberta ocorreu em Mar del Plata, na Argentina, quando uma pintura do século 17 desaparecida por décadas foi localizada em uma mansão. Obra intitulada Retrato de Dama, do italiano Giuseppe Vittore Ghislandi, foi saqueada por nazistas em Amsterdã há cerca de 80 anos.
Coleção pertencia ao comerciante judeu Jacques Goudstikker, que morreu em 1940 enquanto fugia da perseguição nazista. Mais de 1.100 peças de sua galeria, incluindo obras de Rembrandt e Vermeer, foram vendidas a preços muito abaixo do real por oficiais nazistas.
Retrato acabou com Friedrich Kadgien, oficial nazista próximo a Hermann Göring e membro da SS, que fugiu para Suíça e depois para a Argentina. Documentos da época indicam que Kadgien adquiriu diamantes e obras de arte por meio de extorsão em Amsterdã. Banco de dados oficial holandês de arte desaparecida confirma que a obra pertencia a Goudstikker, que tinha uma galeria importante antes da invasão nazista.
Contato com as filhas de Kadgien falhou por anos; a obra só foi descoberta quando a mansão foi anunciada à venda em imobiliária argentina. Especialistas da Agência do Patrimônio Cultural da Holanda afirmam que não há indícios de cópia; análise do verso confirmará a autenticidade da pintura.
Polícia argentina realizou operação na terça-feira (26) no local. Pintura não foi encontrada, mas armas e gravuras foram apreendidas para investigação. Herdeiros de Goudstikker anunciaram que vão reivindicar a obra, buscando restaurar o legado saqueado do antepassado.
Processo judicial pode ser iniciado caso os atuais proprietários se recusem a entregar a pintura, como ocorreu com outras 202 obras devolvidas em 2006. Investigação também localizou outra obra desaparecida, uma natureza-morta de Abraham Mignon, nas redes sociais das filhas de Kadgien.
Refúgio de nazistas na Argentina após a Segunda Guerra Mundial permitiu que altos membros do partido trouxessem propriedades judaicas saqueadas, incluindo obras de arte. Sob o governo de Juan Perón, fugitivos nazistas transferiram ouro, móveis, esculturas e pinturas, cujo paradeiro ainda é objeto de investigação histórica e policial.