Ex-corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon classificou como “um retrocesso em nível internacional” a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, de suspender investigações penais que tenham usado dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). “É realmente um retrocesso em nível internacional, inutilizando investigações importantíssimas. Até a Suíça abriu os seus cofres para mostrar o esconderijo, porque o Brasil era uma grande lavanderia. Hoje, o mundo civilizado está muito preocupado com a lavagem de dinheiro”, criticou Eliana, em entrevista à Folha. A ex-corregedora avalia que Toffoli agiu como “um senhor todo-poderoso” ao assinar o despacho. “Ele dá uma liminar [decisão provisória] em pleno recesso, não respeita a opinião colegiada e decide que só em novembro o caso vai ser julgado. Isso é muito grave”, afirma. Eliana avalia que a decisão de Toffoli é semelhante a de dezembro de 2011, quando o ministro Ricardo Lewandowski concedeu liminar e interrompeu inspeções iniciadas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a partir de informações do Coaf. “Foram decisões monocráticas, em período de recesso. Lá atrás, já se começava a não aplicar a lei. Havia uma agitação muito grande. Alguns ministros e conselheiros do CNJ nem sabiam o que era o Coaf”, declarou. À época, a corregedoria nacional pretendia examinar a evolução patrimonial de magistrados e servidores em 22 tribunais. “Não houve quebra de sigilo. Quando suspendem, paralisa tudo. É porque não querem investigar e julgar”, diz Eliana