Enfrentando uma crise financeira, a Argentina declarou na última quarta-feira (28) que vai iniciar um processo para estender os prazos de vencimento de sua dívida com credores privados e com o Fundo Monetário Internacional (FMI). O total é de cerca de US$ 56 bilhões (cerca de R$ 223 bilhões), que deveria ser paga a partir de 2021. “Argentina propôs [ao FMI] iniciar o diálogo para reperfilar os vencimentos da dívida”, disse ministro da Fazenda, Hernán Lacunza, em uma coletiva de imprensa na qual anunciou outras iniciativas para postergar o pagamento de bônus aos investidores institucionais. O ministro estimou que as conversas podem começar no mandato do atual presidente, Mauricio Macri, mas que terminariam “inexoravelmente” no próximo governo, que começa em 10 de dezembro. Lacunza também informou que não prevê negociação de mudanças nos débitos ou dos juros a serem pagos, apenas estender os prazos para que o próximo governo argentino “possa implantar sua política sem condicionamentos financeiros”. Segundo informações da Folha de S. Paulo, a reprogramação do pagamento de bônus aos investidores institucionais, que detenham 10% desses títulos, buscaria aliviar as pressões sobre as reservas internacionais e permitir que elas sejam usadas para intervir no mercado cambial e “preservar” a moeda, de acordo com o ministro. O país atravessa fortes turbulências financeiras, com uma depreciação superior a 20% do valor do peso e uma subida maior que 2.000 pontos no índice de risco país, após Macri sofrer um revés nas eleições primárias à presidência, em 11 de agosto, contra o peronista de centro-esquerda Alberto Fernández. O candidato é o favorito nas eleições marcadas para 27 de outubro.