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23 de agosto de 2021
Brumado

APBL-Sindicato rebate Prefeito e Secretário Municipal de Educação em Nota

Primeiramente queremos afirmar que a APBL-Sindicato é uma Instituição altamente respeitada e, ao contrário da atual Secretaria de Educação de Brumado, trabalha há mais de 69 anos pela defesa dos professores e, sobretudo, da Educação, que deveria ser objeto de zelo e cuidado da referida secretaria e do gestor municipal.

Parafraseando Paulo Freire, patrono da educação brasileira, “a Educação, qualquer que seja ela, é sempre uma teoria do conhecimento posta em prática” e, com base nisso, é nosso dever garantir que as escolas brumadenses não sejam palco para o negacionismo que tenta, gradativamente, tomar conta do nosso país.

Retomar as aulas presenciais, sem garantir a completa imunização de professores e alunos, como propõe o Governo Municipal, diga-se, desprovido de qualquer responsabilidade e respeito, é tornar as nossas escolas um foco de transmissão do vírus e um cenário perfeito para o desenvolvimento de novas variantes.

A Secretaria da Educação alega que, em menos de um mês, “apenas” um profissional  testou positivo para COVID-19, mas ignora o fato de que, mesmo se apenas uma pessoa tivesse sido contaminada, uma única pessoa pode transmitir direta e indiretamente, para centenas de pessoas, este vírus que em menos de dois anos já levou a óbito mais de meio milhão de brasileiros.

A APLB, delegacia da caatinga, sindicato da categoria dos professores, vem lutando pela imunização da comunidade brumadense e em defesa da vida como mais importante bem jurídico de todos.

Nós professores não paramos de trabalhar em nenhum momento durante a pandemia. Pelo contrário, tivemos um trabalho planejado interrompido em 2020 para nos reinventarmos com as aulas virtuais, nos recapacitando enquanto responsáveis na ponta pela educação dos jovens, trabalhando arduamente e incansavelmente em meio a um turbilhão de emoções, medo, incertezas, dúvidas no primeiro momento da pandemia. Além disso, tivemos que adaptar nossas casas ao trabalho remoto, custeando melhor internet, adquirindo ferramentas necessárias como bons microfones, câmeras, fones de ouvido e pagando o custo agregado da energia elétrica sem nenhum aporte financeiro no salário para cobrir estes gastos inesperados.

Após esse breve contexto, vale lembrarmos que a campanha de vacinação previa prioridade aos profissionais da educação, o que foi feita efetivamente em Salvador e outros municípios, mas não em Brumado. Aqui, os profissionais de educação ficaram sem serem contemplados como prioridade por mais de dois meses, sendo incluídos apressadamente apenas quando o governador informou que as aulas de fato retornariam presencialmente. Porém, como previsto, em Brumado a grande maioria dos professores só foram imunizados com a primeira dose da vacina, algo que não aconteceria caso o planejamento da vacinação tivesse oportunizado os profissionais da educação como prioridade desde o início, fazendo com que os professores não estejam plenamente imunizados para entrarem em sala de aula, colocando em risco suas vidas, as vidas de seus familiares, de seus alunos e de toda a comunidade escolar, incluindo os pais dos alunos.

Com apenas uma dose das vacinas os profissionais estão de 50 a 24% sem proteção (ou seja, De 100 pessoas que tomaram a vacina, de 50 a 76 pessoas  estarão  protegidas  a partir do 22º dia ). Assim, metade das pessoas pode pegar a doença em contato com o vírus na pior hipótese, e na melhor hipótese ainda 24% não terá proteção (um quarto das pessoas). Com estes dados amplamente divulgados pela ciência, obrigar os profissionais da educação a estarem num ambiente fechado de sala de aula por si só já seria uma irresponsabilidade. Porém, existem agravantes: muitos têm denunciado que as ações preconizadas em um Termo de compromisso firmado entre o Ministério Público e o Município de Brumado não estão sendo respeitadas.

Iniciamos com o desrespeito à cláusula primeira: “a retomada das aulas deve ser de forma semipresencial, escalonada e FACULTATIVA”. Grifo aqui a palavra FACULTATIVA, pois essa informação não foi propagada aos pais e responsáveis de forma clara. Inclusive muitos pais se queixaram que o sistema Bravo, preponderante para o ensino remoto no município, não “dava mais acesso”.  No parágrafo segundo, da mesma cláusula, a alternância entre dois grupos de alunos também não foi respeitada em algumas escolas com alunos seguindo o estudo presencial de forma contínua.  No parágrafo terceiro há a opção dos pais de continuarem com seus filhos no ensino remoto, sem necessidade de irem à escola. Além das ações do protocolo de biossegurança citado no parágrafo quarto, já que professores também denunciaram que nem mesmo a limpeza das salas (duas vezes em cada turno) estão sendo realizadas em algumas escolas.

Infelizmente a irresponsabilidade no retorno das aulas sem a imunidade prevista com duas doses foi comprovada nas primeiras semanas do retorno presencial com testes positivos de pelo menos 3 profissionais da educação, que aceitaram revelar seus nomes à imprensa, pois muitos receiam denunciar publicamente. Mesmo assim as aulas não foram suspensas, nem mesmo das escolas em que estes profissionais atuam. Sabemos que o termo de compromisso entre o município e o Ministério Público Estadual objetiva a suspensão das aulas apenas em casos positivos de alunos, não importando quando o caso ocorre com o professor que simplesmente é afastado da sala de aula, mesmo sendo o agente escolar que tem mais contato com todas as turmas e com os outros profissionais. Porém, vale lembrar que o risco vai além do que foi firmado neste termo. Não se trata apenas do risco de morte, mas de sequelas deixadas pela COVID-19. Não apenas as sequelas emocionais, psicológicas, mas também físicas, perda parcial da voz, da capacidade pulmonar, entre outros problemas vasculares graves.

É importante também lembrarmos alguns outros pontos: Já foram registrados casos de transportes indo à escola e voltando sem alunos com gasto desnecessário para o município. Alguns alunos da zona rural estão sendo obrigados a ficarem em tempo integral nas escolas por não terem transporte às 11h30. (…)

Para finalizar, uma nota do prefeito, através da Secretaria Municipal de Educação, foi enviada aos diretores das escolas e a alguns parceiros e empreiteiros interessados neste retorno presencial mesmo colocando em risco a saúde e a vida dos profissionais da educação, dos estudantes e seus familiares. Intitulada “Resposta à Divulgação da APLB”, o secretário se expõe mais uma vez ao ridículo ao defender à volta presencial como se os professores não tivessem trabalhando e como se isso fosse uma conquista “do povo brumadense”. A primeira vez foi quando veio a público dizer que não havia casos positivados após o início das aulas presenciais e logo desmentido pelos próprios professores. E agora, com esta nota mentirosa e ardilosa, quer colocar o povo contra os professores. Saibam vocês, repito, que a APLB tem 69 anos de existência e representa a nobre classe dos professores, responsáveis pela educação dos jovens e formadora de todas as profissões. O povo vai acreditar numa nota de um político passageiro desesperado pelos cifrões escolares ou nos professores com testes comprobatórios em mãos?

Dito isso, reafirmamos o nosso compromisso com a população brumadense e não cederemos às pressões daqueles que agem, guiados por interesses mesquinhos, contra a vida e a saúde dos nossos cidadãos. A saúde deve ser prioridade, para termos a certeza de tempos vindouros melhores, com aulas presenciais efetivamente seguras para os professores, alunos e seus familiares. Muito Obrigado.