Lançado pelo PSL como pré-candidato à Presidência, o apresentador José Luiz Datena recebeu convite para se filiar ao PDT. A legenda oferece ao jornalista a opção de se candidatar a vice de Ciro Gomes (CE).
O jornalista afirmou estar “analisando de fato” a proposta. À Folha o presidente do PDT, Carlos Lupi, contou que também há a possibilidade de Datena ser lançado a governador ou senador.
“Vamos avaliar em pesquisa as três opções: vice-presidente, governador ou senador por São Paulo”, disse Lupi. A conversa do presidente do PDT e Datena ocorreu na segunda-feira (13).
O apresentador da Band se filiou ao PSL em julho. A sigla, porém, está prestes a concluir fusão com DEM, que pretende colocar o nome do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) como pré-candidato.
Por essa razão, disse Datena, ele decidiu manter conversas com outros atores políticos.
“Eu acho que todo mundo está conversando com todo mundo. Eu sou novo nesse negócio de política, e nas outras vezes que tentei entrar na política comecei a entender o método das pessoas”, disse Datena.
“Duvido que o PSL não esteja conversando com outros candidatos e também não sei o que vai resultar dessa fusão do DEM. Então, estou ouvindo as pessoas, e o Ciro é um cara de quem gosto muito”, afirmou.
A hipótese de ele ser vice de Ciro foi ventilada em agosto. À época, ambos refutaram a possibilidade. Agora, no entanto, o chamado foi oficializado.
“Tenho muita afinidade com o Ciro, e ele é um cara que eu respeito e gosto muito. Essa aproximação tem suas diferenças, mas é ideologicamente parecida. Ele é um cara honesto, decente, não é inviável [aceitar o convite]”, disse Datena. “Respeito o Mandetta, mas o Ciro para mim é melhor que ele.”
O apresentador ainda afirmou que a decisão sobre o cargo ao qual se candidatará vai depender da performance em pesquisas eleitorais.
Pesquisa Datafolha desta semana aponta Ciro com 9% e 12% em dois dois cenários para a eleição presidencial de 2022, em ambos atrás do ex-presidente Lula (PT), que lidera, e de Bolsonaro (sem partido), que aparece em segundo lugar nas intenções de voto.
O presidente do PDT disse que, caso Datena se filie ao partido, qualquer decisão será tomada em conjunto e baseada em pesquisas qualitativas e quantitativas.
“Tem prestígio popular no maior estado da federação, São Paulo. É nome conhecido nacionalmente, e amigo do Ciro há muitos anos”, afirmou Lupi sobre o convite feito ao apresentador.
A ideia de convidar Datena tem como objetivo fortalecer a candidatura de Ciro com um nome de forte apelo popular. Apesar de diversos partidos tentarem lançar nomes para concorrer com uma terceira via à polarização Lula-Bolsonaro, nenhum nome alternativo colocado no tabuleiro ainda de fato decolou.
No PSDB, João Doria e Eduardo Leite vão disputar as prévias da legenda. Já o MDB articula lançar o nome da senadora Simone Tebet (MDB-MS) como pré-candidata.
O ex-juiz Sergio Moro ainda é citado por partidos como uma opção de terceira via, embora o ex-ministro da Justiça, que deixou a Lava Jato para integrar o governo Bolsonaro, não confirme essa intenção.
Há ainda o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que afirmou a intenção de disputar a Presidência neste mês.
A meta de dirigentes partidários de siglas de centro e centro-direita é testar os nomes colocados até afunilar a decisão em torno de um candidato que esteja mais competitivo em 2022 para tentar fazer frente a Lula e Bolsonaro.
Esta não é a primeira vez que Datena considera concorrer a um cargo eletivo na política. Até então, todas as vezes que esboçou disputar uma vaga acabou desistindo.
Em 2016, filiado ao PP, desistiu de tentar se tornar prefeito de São Paulo, quando Doria foi eleito em primeiro turno e derrotou o petista Fernando Haddad. Em 2018, Datena desistiu então de disputar o Senado pelo DEM 12 dias após anunciar a pré-candidatura.
Em 2020, filiado ao MDB, seria o vice na chapa encabeçada por Bruno Covas (PSDB), que foi eleito prefeito de São Paulo no pleito.
Além de conversar com o PDT, Datena também tem encontro marcado com os ex-governadores Geraldo Alckmin (PSDB) e Márcio França (PSB), que articulam chapa para concorrer novamente ao governo de São Paulo em 2022.
Julia Chaib/Folhapress