
Guanambi sediou o XXIV Encontro Regional de Surdos nos dias 18 e 19 de outubro de 2025. O município recebeu a comunidade surda para debater inclusão, acessibilidade e direitos. A organização registrou cerca de 220 participantes de 31 cidades da Bahia. Representantes de Sergipe e Minas Gerais também viajaram para o evento. O encontro teve como foco promover inclusão e fortalecer a identidade surda.
A proposta também defendeu o direito à comunicação em Língua Brasileira de Sinais. A pauta valorizou a presença de pessoas surdas em espaços públicos e a autonomia dessa comunidade nas decisões que afetam sua vida. Objetivo central foi reafirmar que Libras é língua, é cultura e é cidadania. Os organizadores defenderam o direito a intérprete de Libras em escolas, unidades de saúde e serviços públicos. Participantes também denunciaram situações de exclusão em atendimentos básicos do dia a dia.
Abertura contou com a palestra “Direitos Linguísticos e Acessibilidade das Pessoas Surdas”. A especialista Verena Gila Fontes conduziu a fala em Libras e explicou a importância do acesso à língua desde a infância. O público acompanhou com atenção e reagiu com emoção a cada relato pessoal. Programação apresentou o grupo Libras Kids, formado por crianças CoDAs. CoDA é a sigla usada para filhos ouvintes de pais surdos. As crianças subiram ao palco e encantaram o público com apresentação totalmente em Libras. A plateia reagiu com sinal de aplauso visual, gesto típico da comunidade surda.
Reconhecimento marcou o encontro desde o início. A organização entregou placas de homenagem a pessoas e instituições que apoiam a causa surda. As homenagens agradeceram o trabalho de quem luta por acessibilidade real e de quem garante espaço para a Libras em serviços públicos e escolas. Atividades do encontro incluíram gincanas, dinâmicas de raciocínio lógico e apresentações culturais.
As ações promoveram trabalho em grupo, empatia e convivência entre gerações. Jovens, adultos e idosos surdos participaram juntos e trocaram experiências sobre estudo, trabalho e família. Rodas de conversa reuniram participantes para discutir desafios práticos. Integrantes falaram sobre barreiras em consultas médicas sem intérprete. Outros citaram dificuldades em concursos públicos e entrevistas de emprego. O grupo reforçou que acessibilidade não é favor, é direito.
Clima de união ficou evidente nos relatos pessoais. Muitas pessoas contaram que esse tipo de encontro é o único momento do ano em que elas conseguem se comunicar livremente sem interrupção ou tradução. Essa troca fortaleceu o sentimento de pertencimento e identidade coletiva. Contexto educacional também entrou na pauta. Representantes defenderam ensino de Libras desde a educação básica para crianças ouvintes. A avaliação do grupo é que o acesso à Libras nas escolas reduz o isolamento de alunos surdos e melhora a convivência entre colegas em sala.
Discussão sobre saúde pública chamou atenção dos participantes. Pessoas surdas relataram situações em que médicos se negaram a atender com intérprete. Faltam profissionais preparados para lidar com pacientes que usam Libras. Os presentes cobraram serviço humanizado e atendimento sem barreira. Tema do mercado de trabalho apareceu com força nas falas. Participantes disseram que empresas ainda tratam a surdez como incapacidade, e não como diferença linguística. A defesa do grupo é por vagas acessíveis, entrevista com intérprete e treinamento de equipes para comunicação básica em Libras.
Encerramento do evento ocorreu com a entrega de certificados para participantes e apoiadores. O gesto simbolizou valorização do aprendizado e da presença de cada pessoa. A cerimônia de encerramento reforçou que o encontro vai além da festividade e tem peso formativo e político. Presença de famílias marcou a edição deste ano. Pais e mães de crianças surdas participaram das rodas e pediram mais apoio emocional e pedagógico. Muitos disseram que ainda enfrentam desinformação e preconceito quando recebem o diagnóstico da surdez dos filhos.
Importância da representatividade foi citada várias vezes pelos organizadores. Pessoas surdas lideraram falas, atividades e mediações, e ocuparam o palco como protagonistas. A condução direta em Libras mostrou, na prática, o discurso de autonomia defendido durante todo o encontro. Leis brasileiras já reconhecem a Libras como meio legal de comunicação e expressão. A legislação também determina que serviços públicos devem garantir acessibilidade. Participantes lembraram que o desafio agora não é mais aprovar lei, e sim fazer a lei sair do papel no cotidiano.
Rede de articulação formada no encontro deve continuar ativa após o evento. Lideranças combinaram manter contato para pressionar por intérpretes em serviços essenciais e por capacitação de servidores. O grupo também planeja novas ações em escolas, unidades de saúde e órgãos públicos. Perspectiva para os próximos anos é de ampliar o alcance do encontro. A organização já trata o evento como espaço fixo de formação política, cultural e humana da comunidade surda. A ideia é receber mais caravanas de outros estados e incluir mais jovens, inclusive adolescentes surdos ainda em fase escolar.
Serviço informou que novas edições vão manter a pauta de direitos, identidade linguística e cidadania surda. A avaliação geral dos participantes é que encontros como este salvam vidas, porque evitam o isolamento e afirmam que ser surdo não é problema, é pertencimento, é língua, é cultura.