Apesar do esforço que Michel Temer e o núcleo duro de seu governo têm empregado para passar a ideia de que está tudo bem, inclusive com a declaração oficial do presidente ontem de que “o Brasil saiu da recessão”, a situação em Brasília ainda é “delicada”. É o que avalia o senador baiano Otto Alencar (PSD). Em entrevista à Tribuna, ele afirma que, ao contrário do que se pode pensar, “Temer não tem sobrevida” com o passar dos dias após a delação do empresário Joesley Batista, que gravou o peemedebista articulando uma articulação de compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB), preso no âmbito da Operação Lava Jato. “Temer continua comprometido com as denúncias de corrupção. Um presidente que tem cinco amigos que abriam seu gabinete sem bater na porta, almoçavam em sua casa, tinha sociedade… Com mala de dinheiro na mão. Não é possível que um presidente da República que tem cinco homens de confiança envolvidos com corrupção, não é possível que ele não soubesse que eles eram bandidos. Ele está totalmente comprometido. A situação em Brasília é de total insegurança. O presidente está acuado por causa das denúncias de corrupção que pesam contar ele. Ele recebeu na sua casa um lobista que todos conhecem, geneticamente bandido, o Joesley Batista. O pai dele já era lobista em Brasília desde a época de Juscelino Kubitschek. Todo mundo sabe que ele é um corruptor consagrado, e o presidente o recebeu em casa de noite, de forma extraoficial”. Otto também comentou sobre a relação dos partidos que ainda mantêm apoio a Temer. “Ele está na presidência da República, e os que estão em cargos e gostam de cargos não querem largar os cargos. O que mais me chama atenção é que os partidos que pregaram na campanha honra, dignidade e probidade administrativa, como o PSDB, continuam pendurados no governo. Na Bahia só o deputado João Gualberto que insurgiu contar Temer. Os outros continuam nos cargos. Há muito tempo os tucanos não estavam no poder. Eles chegaram agora e não querem sair”, disse o senador. Se não cair por causa das denúncias, Temer pode ser destituído do cargo a depender do resultado do processo que pede a cassação de sua chapa eleita em 2014, encabeçada pela ex-presidente Dilma Rousseff. Otto pede “isenção” aos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas de antemão critica o posicionamento do presidente da corte, ministro Gilmar Mendes, que, segundo o senador, “tem se manifestado pró-governo”. ”Temos que esperar o posicionamento dos juízes. Não tenho como avaliar. O presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, já deu várias manifestações de apoio ao atual governo”, acrescentou.