Os EUA e Israel anunciaram nesta quinta-feira, 12, a sua decisão de se retirar da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), acusando-a de ser anti-israelense, o que provocou críticas na instituição. Após vários anos de tensões com a agência da ONU, que tem sede em Paris e atualmente está em processo de eleição de um novo diretor-geral, a porta-voz do Departamento de Estado americano, Heather Nauert anunciou que Washington prevê deixar a organização. “Essa decisão não foi tomada rapidamente e reflete a preocupação dos EUA com os crescentes atrasos nos pagamentos (das contribuições) à Unesco, a necessidade de uma reforma fundamental na organização e o contínuo preconceito contra Israel”, disse ela. A saída dos EUA será efetivada no dia 31 de dezembro de 2018, de acordo com as normas constitutivas da Unesco, completa o texto. Pouco depois de Washington, Israel indicou que também vai abandonar a instituição, que qualificou como um “teatro do absurdo, onde se deforma a história, em vez de preservá-la”. “Entramos em uma nova era das Nações Unidas: a que, quando se discriminar Israel, terá de assumir as consequências”, afirmou o embaixador israelense na ONU, Danny Danon. A diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, afirmou “lamentar profundamente” a decisão dos EUA. “A universalidade é essencial para a missão da Unesco de construir a paz e a segurança internacionais em face do ódio e da violência por meio da defesa dos direitos humanos e da dignidade humana”, afirmou Irina. “Lamento profundamente a decisão dos EUA, cuja notificação oficial foi enviada pelo secretário de Estado, Rex Tillerson”, escreveu em um comunicado. “É uma perda para a família das Nações Unidas. É uma perda para o multilateralismo”. Os EUA já deixaram a Unesco entre 1984 e 2003 e suspenderam sua contribuição financeira em 2011. Em sua declaração, Irina lista uma série de medidas adotadas pela Unesco em parceria com Washington contra o antissemitismo. “Juntos, trabalhamos com o falecido Samuel Pisar, embaixador honorário e enviado especial para a educação do Holocausto, a fim de compartilhar a história do Holocausto para lutar contra o antissemitismo e na prevenção dos genocídios, com o Canal Unesco para a educação sobre o genocídio na Universidade da Califórnia e com programas de alfabetização na Universidade da Pensilvânia”. No início de julho, os EUA haviam advertido que analisavam seus vínculos com a Unesco, chamando de “uma afronta à história” a sua decisão de declarar a antiga cidade de Hebron, na Cisjordânia ocupada, uma “zona protegida” do patrimônio mundial. Na ocasião, a embaixadora americana nas Nações Unidas, Nikki Haley, afirmou que esta iniciativa “desacreditava ainda mais uma agência da ONU já altamente discutível”