Brumado se despede de Adalberto Gomes Prates, ícone do desenvolvimento local, aos 99 anos

Brumado amanheceu mais silenciosa neste sábado (29) após a morte de Adalberto Gomes Prates, aos 99 anos. A partida encerrou a trajetória de um dos maiores visionários da história do município. Nascido em 12 de novembro de 1926, em Ituaçu, Adalberto viveu a infância em Várzea da Pedra e passou por Vitória da Conquista antes de fincar raízes em Brumado, cidade que adotou como lar definitivo.

Memórias de trabalho e coragem marcaram sua juventude. Em 1958, ele criou o primeiro jornal da cidade, o Jornal de Brumado, abrindo espaço para informação e cidadania. No mesmo período, fundou a Jurubeba Lobo, bebida que ganhou força na Bahia e em Minas Gerais e tornou seu nome conhecido além das fronteiras locais. Família sempre foi o seu alicerce. Em 1962, casou-se com a professora Maria de Lourdes Prates, com quem teve quatro filhos.

A união fortaleceu o espírito empreendedor que mais tarde resultaria na criação de uma fábrica de colchões e da loja Simperbel Móveis. Construções também definiram seu legado. No início dos anos 1970, quando a Avenida Otávio Mangabeira ainda era apenas uma rua isolada ao lado do antigo Campo de Aviação, Adalberto decidiu erguer casas modernas, inéditas no município. Fez quatro, vendeu, construiu outras e ajudou a desenhar o crescimento urbano da cidade.

Progresso virou missão pessoal. Mesmo longe dos cargos públicos, ele lutou durante décadas por melhorias essenciais. Sonhou com água encanada, hospital equipado, sinal de TV, rádio funcionando, boas estradas e telefonia acessível. Muitas vezes pagou do próprio bolso serviços técnicos para levar projetos à frente. Inúmeras viagens a Salvador revelaram sua persistência. Ele buscava audiências com deputados, secretários e governadores.

Enviava cartas, diagramas, mapas e propostas criadas com rigor técnico, acreditando que Brumado merecia avançar. Grandes ideias o moviam. Uma delas era encurtar o caminho entre Brumado e a capital, eliminando a necessidade de passar por Conquista. Pensou em uma estrada por Maracás que reduziria o trajeto em cerca de 150 km. Décadas depois, o sonho virou realidade. Outra visão ousada era a ponte Salvador–Itaparica, que hoje também saiu do papel.

Orgulho sempre marcou a família. Os filhos costumam dizer que, ao trafegarem pela rodovia que ele idealizou, passam pela “Rodovia Adalberto Prates”. A frase simboliza o impacto de um homem que enxergou o futuro antes de todos. Estudos e escrita também o acompanhavam. Ele gostava de numerologia e produzia artigos frequentes para jornais e blogs locais, mantendo diálogo com a comunidade até idade avançada.

Trabalho intelectual ganhou forma definitiva em 2016, quando completou 90 anos e lançou o livro “A Família Prates”, fruto de uma pesquisa que se estendeu por uma década. Humanidade definiu seus últimos anos. Aos domingos, ele acordava cedo, participava da missa das 7h e seguia para visitas a pessoas acamadas. A rotina era constante, quase um ritual de cuidado e empatia.

Despedidas sempre carregam dor, mas também gratidão. Adalberto viveu 99 anos de simplicidade, generosidade e visão. Deixou obras, histórias, lembranças e uma cidade inteira influenciada por seus sonhos. Brumado perde um homem simples que transformou ideias em caminhos e dedicação em legado.

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