
O lançamento da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à Presidência escancarou um novo movimento no tabuleiro político. ACM Neto (União Brasil), ex-prefeito de Salvador e nome da oposição ao governo da Bahia, atua nos bastidores para fortalecer o projeto presidencial de Tarcísio de Freitas (Republicanos), ao mesmo tempo em que tenta se desvincular do bolsonarismo em território baiano.
A reação do União Brasil deixou clara a preferência. A sigla, comandada nacionalmente por Antônio de Rueda e liderada por Neto na Bahia, articulou para conter o avanço de Flávio Bolsonaro. Entre as ações, esteve a pressão na Câmara para reduzir a pena de Jair Bolsonaro uma exigência do senador para abrir mão da disputa presidencial.
Comparações internas mostram que Flávio é visto como risco. Sem preparo, sem capacidade de unificar a direita e carregando rejeição elevada, ele se torna um nome frágil para enfrentar Lula em 2026. Já Tarcísio desponta como alternativa viável para o campo conservador, com maior aceitação e trunfos eleitorais mais sólidos.
Neto enxerga nisso um caminho para evitar erros do passado. Em 2022, foi rotulado pela campanha de Jerônimo Rodrigues (PT) como candidato “tanto faz”, alvo de críticas por não se posicionar no embate Lula x Bolsonaro. Agora, aproxima-se de Tarcísio para evitar nova vulnerabilidade e construir uma narrativa mais clara em 2026.
A articulação nacional, porém, não desvia o foco das composições locais. Neto trabalha a formação da chapa ao governo da Bahia com atenção especial às duas vagas ao Senado, atualmente alvo de competição intensa. A possível saída de Angelo Coronel (PSD) da base governista acendeu ainda mais a disputa.
Vinculação excessiva ao bolsonarismo é tratada como risco. Por isso, Márcio Marinho (Republicanos) tem poucas chances de integrar a chapa, apesar de aliado histórico. A presença dele e de João Roma (PL), hoje um dos nomes mais cotados para o Senado, poderia dar aparência demasiadamente bolsonarista ao grupo oposicionista.
Movimentos estratégicos colocam outros nomes no radar. Marcelo Nilo (Republicanos), que vem mantendo duros ataques ao governo do PT, aparece como opção mais confortável. Angelo Coronel, caso confirme a ruptura com o governo Jerônimo, também pode ocupar uma das vagas.
O xadrez segue em curso. Entre articulações nacionais e ajustes finos na Bahia, ACM Neto tenta equilibrar seu projeto estadual com o avanço do nome de Tarcísio no cenário nacional um movimento que pode definir o fôlego da oposição em 2026.