
Alexandre de Moraes, ministro do STF, virou alvo de nova controvérsia após reportagem afirmar que ele teria ligado seis vezes em um único dia para o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. Segundo o Estado de S. Paulo, os contatos teriam relação com a análise da compra do Banco Master pelo BRB, operação sensível acompanhada de perto pelo mercado financeiro.
Em resposta, Moraes divulgou nota na noite de terça-feira (23) negando qualquer telefonema. O ministro afirmou que “inexistiu ligação telefônica entre ambos, para esse ou qualquer outro assunto”, e classificou as informações como incorretas. Ainda assim, confirmou que manteve duas reuniões presenciais com Galípolo ao longo do segundo semestre.
De acordo com Moraes, os encontros ocorreram em 14 de agosto e 30 de setembro e tiveram como único objetivo discutir os impactos da Lei Magnitsky. A legislação americana prevê sanções financeiras e foi aplicada contra o ministro em julho, sendo estendida à sua esposa, Viviane Barci de Moraes, em setembro, antes de ser retirada em dezembro.
O magistrado reforçou que, em nenhuma das reuniões, houve qualquer abordagem sobre a aquisição do Banco Master pelo BRB ou tentativa de pressão sobre o Banco Central. Ele também afirmou que o escritório de advocacia de sua esposa jamais atuou junto ao BC no processo envolvendo a operação entre as duas instituições financeiras.
O caso ganhou ainda mais repercussão após o Banco Central decretar a liquidação do Banco Master, em 18 de novembro, diante de suspeitas de fraudes estimadas em R$ 12 bilhões. O controlador do banco, Daniel Vorcaro, chegou a ser preso pela Polícia Federal, mas foi solto dias depois por decisão do TRF-1, com uso de tornozeleira eletrônica.
Relatos obtidos pelo Estadão indicam que as ligações fariam parte de ao menos cinco conversas entre Moraes e Galípolo sobre o Master. As informações teriam sido repassadas por fontes do meio jurídico e financeiro. Revelações semelhantes já haviam sido publicadas por O Globo, que citou quatro contatos sobre o mesmo tema.
A repercussão levou políticos de oposição a cobrarem explicações do ministro, especialmente após a divulgação de contrato do escritório de Viviane Barci de Moraes com o Banco Master. Segundo reportagens, o acordo previa pagamento mensal de R$ 3,6 milhões por 36 meses, o que poderia render até R$ 129 milhões até 2027, caso o banco não fosse liquidado.
Em nova nota, Moraes reiterou que jamais esteve no Banco Central e que não houve telefonemas ou pedidos de interferência. O BC, por sua vez, confirmou reuniões com o ministro para tratar da Lei Magnitsky, mas não detalhou datas nem participantes. Os encontros não constam na agenda pública do presidente da instituição, ampliando questionamentos sobre transparência.