
O sociólogo Jessé Souza avalia que a esquerda brasileira chega às eleições de 2026 sem uma narrativa própria consolidada. Segundo ele, o campo progressista ainda depende fortemente do carisma do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para se manter competitivo no cenário político nacional.
Segundo o pesquisador, apesar da recuperação institucional após o governo Jair Bolsonaro, a esquerda não conseguiu construir um discurso capaz de dialogar de forma ampla com diferentes setores da sociedade. A análise foi publicada em reportagem do jornal O Globo e aponta dificuldades na formulação de uma agenda renovada.
Para Jessé, Lula segue como um ativo político central, mas essa dependência também expõe fragilidades. A ausência de um projeto claro, que vá além da figura do presidente, dificulta o surgimento de novas lideranças e limita a construção de um horizonte político mais duradouro.
Ainda de acordo com o sociólogo, temas como desigualdade social, precarização do trabalho e desinformação não têm sido enfrentados de forma estruturada. Nesse espaço, afirma, a direita tem se mostrado mais eficiente ao ocupar o debate público com narrativas simples e forte apelo emocional.
Diante desse cenário, Jessé Souza defende que a esquerda invista em comunicação política, organização de base e elaboração programática. Sem essa mudança, alerta, o campo progressista pode até chegar competitivo em 2026, mas fragilizado no debate de ideias e na sustentação de um projeto de longo prazo para o país.