
Neto Carletto elevou o tom e acendeu um novo pavio na disputa interna pela vaga ao Senado na base governista. O deputado voltou a defender Rui Costa como candidato natural em 2026 e empurrou o Avante para o centro da articulação ao reivindicar a suplência da chapa.
A declaração mexeu com o tabuleiro e aumentou a tensão com o PSD, que insiste na reeleição de Ângelo Coronel. Nos bastidores, aliados afirmam que a fala do parlamentar “não caiu nada bem” entre pessedistas e até provocou irritação discreta no núcleo duro do governo, incluindo nomes próximos a Jaques Wagner.
Afirmou Neto que o ministro da Casa Civil reúne todos os requisitos para a disputa. “A candidatura de Rui ao Senado é natural. Ele foi um grande governador, é hoje ministro de uma das pastas mais importantes do país e tem total qualificação para ajudar ainda mais a Bahia. É o nome certo”, disse ao Política Livre.
Reforçou ainda que o Avante tem “tamanho e história” para brigar por espaço. “Nossa disposição é fortalecer o grupo. Suplência de Rui seria uma honra”, declarou. Fala deixou claro que o partido quer lugar garantido na chapa majoritária e que não pretende entrar silenciosamente no jogo.
Cresceu a especulação após o nome de Ronaldo Carletto, tio do deputado e presidente estadual do Avante, voltar ao radar da suplência. Ele mantém relação antiga com Rui e já circula com desenvoltura nos corredores de articulação.
Circulou também a informação de que a defesa pública de Neto acendeu alerta dentro do PSD. Sigla trabalha pela permanência de Coronel e teme perder espaço na chapa liderada por Jerônimo Rodrigues. Pessoas próximas ao senador tratam a movimentação como “força desnecessária” do Avante.
Minimizou Neto qualquer possibilidade de racha. “Não acredito em divisão. Vejo o grupo unido e com maturidade para construir a melhor solução para a Bahia”, disse. Apesar disso, nos bastidores, interlocutores reconhecem que o clima ficou menos pacífico após as declarações.
Comentou-se ainda que a insistência do deputado teria causado incômodo no entorno de Wagner, que prefere conduzir a escolha com silêncio, cautela e sem pressão pública. Leitura é que o movimento de Carletto antecipa um debate que o governo tentava segurar até 2025.
Apareceu o deputado no evento de aniversário do prefeito de Santa Cruz Cabrália, Girlei Laje, no sábado (15). Ele estava acompanhado do ex-prefeito de Gandu Léo de Neco, prioridade do Avante para a Assembleia. Também marcaram presença Félix Mendonça Júnior (PDT) e o prefeito de Porto Seguro, Jânio Natal (PL).
Defendeu Neto a meta agressiva do Avante para 2026. “Nossa meta é eleger sete deputados estaduais e quatro federais. Vamos repetir a fórmula de sucesso de 2024”, disse. Discurso reforça que o partido quer mais espaço e não vai abrir mão de protagonismo.
Com isso, a disputa pelo Senado entra oficialmente no clima de 2026. Defesa aberta do nome de Rui, as movimentações do Avante e o silêncio incômodo do PSD esquentam a prévia e colocam mais pressão sobre a mesa de Jerônimo.
Resta saber como o governo vai reorganizar a convivência interna. Uma coisa é certa: a fala de Neto Carletto jogou combustível no debate e reacendeu a disputa pela vaga mais cobiçada da chapa.