Kariely de Andrade, fisioterapeuta pélvica e sexóloga, virou referência para mulheres cristãs ao unir princípios bíblicos e educação sexual. Aos 27 anos, a criadora do curso “Cristã e Boa de Cama” construiu uma comunidade que ultrapassa 1 milhão de seguidoras nas redes.
“Cristã e boa de cama” se tornou o mantra que embala seus conteúdos, sempre voltados para casadas, noivas e mulheres que enfrentam dúvidas sobre sexualidade dentro da fé. Postagens tratam de temas como dor na penetração, culpa, desejo e limites entre fé e intimidade. Proposta é ensinar técnicas e orientar casais sem romper com os dogmas cristãos.
História pessoal reforça o engajamento. Kariely cresceu em família evangélica, é membro da Assembleia de Deus e passou dois anos lidando com dor na relação, quadro que identifica como vaginismo. A experiência a levou à fisioterapia pélvica e, depois, à educação sexual para o público cristão.
Atendimento virou base para o conteúdo digital. Hoje, a maioria das seguidoras é formada por mulheres casadas ou noivas, mas também há não religiosas que se identificam com sua abordagem mais acolhedora.
Mudança veio quando ela decidiu colocar a fé no centro das orientações. “Eu via o interesse do público cristão, mas ninguém falava sobre sexualidade com princípios”, conta. A ausência de orientação dentro das igrejas impulsionou seu trabalho. Pilares de seu método unem evidências clínicas e estudo bíblico. Para ela, a Bíblia fala mais sobre sexo do que muitos imaginam, e a religiosidade rígida afastou casais do tema.
Conteúdo responde dúvidas que aparecem com frequência: “o que pode no casamento?”, “tal prática é pecado?”. Para orientar, ela usa três critérios. Saúde, consentimento e risco de vício. Primeira peneira avalia segurança física. Se a prática causa dor, lesão ou risco de infecção, é descartada. Segunda analisa o desejo mútuo, lembrando que relacionamento cristão não deve ser “egoísta ou objetificante”.
Terceira considera hábitos que podem viciar, como pornografia e masturbação excessiva. Conceito central é que o sexo foi criado para promover conexão, paz e intimidade. Ela reforça que práticas contrárias aos valores diários do casal, como agressões, humilhações ou xingamentos, não combinam com a fé cristã.
Ressalvas não impedem criatividade. Kariely defende que mulheres podem usar lingerie sexy e recorrer a brinquedos sexuais sem ferir princípios bíblicos, desde que o uso seja saudável e consensual. Visão destaca que o sexo ultrapassa a função reprodutiva. No casamento, a intimidade fortalece vínculos, libera hormônios como oxitocina e endorfina e ajuda a manter a conexão.
Referências bíblicas guiam o discurso. Ela cita 1 Coríntios 7 para defender regularidade sexual, evitando longos períodos sem relação. Também menciona Cantares de Salomão como apoio para o sexo oral entre casais cristãos.
Limites ficam claros. Sexo anal, segundo ela, entra na categoria de risco físico por potencial de lesões e infecções. “Deus criou uma via preparada para a relação”, afirma. Contracepção é tratada como decisão de consciência. Métodos não abortivos são considerados válidos, desde que o casal esteja alinhado e informado.
Atuação ultrapassa a internet. Kariely ministra palestras em igrejas e vende cursos on-line que abordam desde dor na penetração até a primeira noite de casais virgens. Mais famoso, “Cristã e Boa de Cama”, ensina técnicas, posições e comunicação saudável no casamento.
Mensagem final tenta encerrar o tabu: “Mulher cristã pode gostar de sexo”. Para ela, fé e prazer não são opostos, mas caminhos que podem andar juntos com equilíbrio e consciência.