22 de novembro de 2015
Brasil
FOTO: BRUMADO ACONTECE
A retomada da construção da usina nuclear Angra 3 – cujos contratos estão na mira da Polícia Federal, do Ministério Público e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) na Operação Lava Jato – contou com o aval da presidente Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil, em voto no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). O CNPE, composto por 14 conselheiros, sendo nove ministros de Estado, tem a função de assessorar a presidência da República sobre questões nacionais de energia. Em 2007, a recomendação favorável do órgão possibilitou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizasse oficialmente a retomada do projeto, paralisado desde a década de 80. A discussão sobre Angra 3 se arrastou por anos no conselho. Em 2005, ainda ministra de Minas e Energia do governo Lula, Dilma resistiu à realização da obra, divergindo de José Dirceu – condenado no mensalão e preso preventivamente na Lava Jato –, então seu colega de Esplanada. Dirceu chegou a pedir vista da discussão ao deparar com dois votos contrários à usina no Conselho: o de Dilma e o de Marina Silva, então ministra do
Dilma considerava a energia nuclear muito cara e dava preferência a outras alternativas existentes, como hidrelétricas e térmicas. Segundo um representante de ministério que participou das reuniões do CNPE, Dilma levava muito em consideração a questão dos custos na definição de políticas energéticas. Por essa razão, não deu prioridade ao uso de energia eólica e de biomassa, que eram mais caras na época. Em declaração publicada pela Agência Estado em 2005, a então ministra das Minas e Energia justificou sua opinião contrária à conclusão do projeto da terceira usina nuclear no complexo de Angra: “Do ponto de vista do meu ministério, não tem o menor sentido escolher Angra 3 como a fonte que seja economicamente a mais barata neste momento. É essa a nossa posição”. Estadão