O ex-gerente de operações do Facebook Sandy Parakilas afirmou ao jornal britânico The Guardian que a rede social não tinha nenhum controle sobre os dados de usuários entregues a desenvolvedores externos e que avisou executivos da empresa de que a proteção frouxa das informações poderia levar a uma grande violação. “Minhas preocupações eram que todos os dados que deixavam os servidores do Facebook para desenvolvedores não podiam ser monitorados pela rede social, então não tÃnhamos ideia do que os desenvolvedores estavam fazendo com os dados”, disse. Questionado pelo jornal sobre o tipo de controle que o Facebook teve dos dados entregues a desenvolvedores externos, ele respondeu: “Zero. Absolutamente nenhum. Uma vez que os dados deixaram os servidores do Facebook, não houve controle e não havia nenhuma visão sobre o que estava acontecendo.” Parakilas, 38, foi responsável no Facebook pelo monitoramento de violação de dados por terceiros desenvolvedores de softwares entre 2011 e 2012. Hoje, trabalha como gerente de produto da Uber. No sábado (17), o jornal The New York Times revelou que a Cambridge Analytica, que participou da campanha de Donald Trump, obteve dados sigilosos de 50 milhões de usuários do Facebook e usou as informações para ajudar a elegê-lo, em 2016. Segundo o jornal, o roubo dos dados foi feito por meio do aplicativo thisisyourdigitallife, da empresa GSR (Global Science Research), que pagava a usuários para responder a uma série de perguntas e, em troca, a pessoa consentia que o programa tivesse acesso à s suas informações no Facebook, como localização .
O aplicativo, porém, não avisava que, além dos dados dos usuários, também captava as informações de todos os amigos, chegando ao total de 50 milhões de pessoas. Esses dados foram vendidos então pela GSR para a Cambridge Analytica.
Os detalhes do esquema foram revelados por um ex-funcionário da Cambridge Analytica, e o roubo de dados teria acontecido entre 2014 e 2015 -depois, portanto, do perÃodo relatado por Parakilas.
O ex-executivo disse que o Facebook tinha termos de serviço e configurações que “pessoas não leram ou entenderam” e que a empresa não usou seus mecanismos disponÃveis, como auditorias de desenvolvedores externos, para garantir que os dados não estavam sendo mal utilizados.
“Foi uma observação dolorosa [das últimas denúncias envolvendo a Cambridge Analytica]”, disse ele. “Porque eu sei que eles [executivos do Facebook] poderiam ter impedido isso.”
Frustrado com a falta de ação, Parakilas deixou o Facebook no final de 2012.
OUTRO LADO
Questionado sobre as afirmações de Parakilas, o Facebook, de acordo com o The Guardian, redirecionou o jornal para uma postagem de novembro de 2017 no blog da empresa, em que defende suas práticas de compartilhamento de dados.
A empresa diz que tais práticas melhoraram nos últimos cinco anos. “Embora seja justo criticar a forma como aplicamos as nossas polÃticas de desenvolvedores há mais de cinco anos, é falso sugerir que não nos preocupamos com a privacidade”. Com informações da Folhapress.