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8 de junho de 2018
Brasil

Caixa gastou quase R$ 17 milhões em evento com micareta

Foto Rede Acontece

A Caixa gastou R$ 16,6 milhões para reunir, em maio, 6.000 funcionários no estádio Mané Garrincha, em Brasília. Encerrado com um micareta do cantor Saulo (ex-banda Eva) e apresentado por artistas de novelas da Globo, o evento foi montado para divulgar as metas da instituição em 2018, algumas bastante austeras: corte de R$ 2,5 bilhões em custos e fechamento de cem agências.

Como noticiou a Folha de S.Paulo, o banco levou para a capital federal seus gestores nos 26 estados e os vestiu com a “camiseta 9 da Seleção Caixa”, em alusão à Copa e ao lucro operacional líquido de R$ 9 bilhões, almejado para este ano. Para isso, pagou R$ 6,5 milhões por 5.716 passagens aéreas de ida e volta.

Como o evento começou de manhã se estendeu pela noite de 16 de maio, uma quarta, foi necessário pagar R$ 2 milhões por 5.868 diárias de hotel.

Comida e bebidas servidas no estádio consumiram mais R$ 1 milhão. Outros R$ 6,5 milhões foram destinados à montagem da estrutura e à organização do evento, batizado de “Seleção Caixa: em campo pelo Brasil”.

Receberam convites diretores, superintendentes, gestores, gerentes-gerais e de filiais da Caixa, o que motivou um protesto de funcionários de menor escalão do lado de fora. Do lado de dentro, os convidados assistiram a uma palestra motivacional do ex-jogador Cafu que custou R$ 78 mil. A Caixa afirmou à reportagem que ele foi chamado para “instigar os participantes sobre o prazer de ser um vencedor”.

O evento teve como mestres de cerimônia os atores Bruno de Lucca e Luiggi Barricelli, além da apresentadora Renata Fan, cujas participações custaram, respectivamente, R$ 65 mil, R$ 60 mil e R$ 50 mil. A reportagem obteve o detalhamento das despesas por meio da Lei de Acesso à Informação. Na época do evento, a Caixa não forneceu os dados.

O banco não informou quanto pagou pelo show de Saulo, que subiu ao palco por volta das 20h e mesclou sucessos do axé com versos clássicos da música brasileira, a exemplo de “Viver e não Ter a Vergonha de Ser Feliz”, de Gonzaguinha. Justificou que o cachê do cantor foi bancado pela Elo Cartões, da qual é acionista -a Elo não se pronunciou.

Os convidados eram quase 100% dos quadros da Caixa, mas houve exceções. Foram chamados o presidente do BB, Paulo Caffarelli, e outros dois dirigentes da instituição; o governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB), fora três ministros de Temer: Eduardo Guardia (Fazenda), Esteves Colnago (Planejamento) e Joaquim Lima (Secretaria-Geral da Presidência).

A Caixa afirmou que o evento foi uma “reunião de trabalho” para apresentar aos gestores “novos desafios e valorizar a participação estratégica de cada um na construção dos resultados.” “O Conselho Diretor da Caixa demandou e foi informado sobre todos os passos envolvidos na organização do evento”, disse a Superintendência Nacional de Promoção de Eventos.

A Caixa acrescentou que eventos de mesma natureza foram realizados por alguns de seus concorrentes, entre eles o Itaú e o Santander. Com informações da Folhapress.