14 de maio de 2016
Sem categoria
Imagem Reprodução
Aqueles que consideram um rombo de R$ 96 bilhões nas contas deste ano um número expressivo, que se preparem: a situação é muito pior, pelo que constatou a equipe econômica do governo Temer, logo na chegada. O novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse ontem em sua primeira entrevista coletiva que a trajetória de crescimento da dívida pública é o maior problema da economia brasileira. Em uma palavra, ele definiu a situação como “insustentável”. Mesmo que o ministro da Fazenda reconheça que ainda precisa de cálculos mais detalhados a respeito do tamanho do buraco nas contas públicas, outros integrantes da nova gestão falaram em números superiores aos apresentados pelo governo da presidente afastada Dilma Rousseff. O ministro da Saúde, Ricardo Barros, que foi relator do Orçamento de 2016, afirmou, ontem, que a previsão de receitas para este ano foi superestimada – muito acima da realidade. Outro ministro que tocou no assunto foi o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. Segundo ele, a máquina pública está em uma “situação emergencial” e há um déficit em torno de R$ 100 bilhões não contabilizado, além dos R$ 96 bilhões apresentados.
Diante do cenário, Meirelles admitiu que o governo vai adotar medidas duras para equilibrar as contas. Ele disse estar confiante na capacidade de convencimento do governo para ter o apoio do Congresso e da população para fazer o que julgar necessário para conter a queda do emprego e da renda. “O Congresso reflete a sociedade, e a sociedade está amadurecida para medidas de ajuste importantes. O que não é possível é continuar como está”, afirmou. “O país está aguardando uma mudança no itinerário da economia. Existe uma demanda da sociedade para uma reversão na trajetória da economia, do emprego e da renda”, destacou. Em vários momentos, o novo ministro indicou ter dúvidas sobre a veracidade dos dados econômicos apresentados pelo governo Dilma Rousseff, inclusive sobre os números de empresas estatais. Chegou a falar até em auditar se for necessário. “Sou o primeiro a querer saber quanto tempo levaremos para saber qual o real tamanho do problema”, garantiu o ministro. Ao falar especificamente sobre as estatais, disse que não é conveniente que se aceite o primeiro número que aparece em avaliações sobre a situação financeira dessas companhias. “Sei que é preciso analisar no detalhe para ter acesso a números realistas”, disse Meirelles. Segundo o ministro da Fazenda, mais importante que apresentar medidas rapidamente, ou mesmo que comecem a surtir efeito rápido, é propor “soluções consistentes” para o país. “O problema não é o prazo de efeito das medidas. É o prazo de implementação e aprovação. Por outro lado, é importante que sejam medidas consistentes, que sejam tomadas e não revertidas”, disse. Se as coisas acontecerem desse modo, complementou, “a consequência é que as pessoas voltem a comprar, a consumir, a tomar crédito. Esse pode ser um processo relativamente rápido”.