Eliana Calmon, ex-corregedora nacional de Justiça, diz que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) indicou Augusto Aras para a PGR (Procuradoria-Geral da República) por não aceitar, segundo suas palavras, uma “ideologia dominante” existente no MPF (Ministério Público Federal). “Tem muita gente infiltrada de ideologia dentro da Procuradoria. Isso faz com que o presidente, que é muito radical no sentido de não aceitar pessoas ligadas ao governo passado, ter medo de assumir a responsabilidade de uma escolha dentro de uma lista que estava sendo considerada uma lista política”, declarou Eliana Calmon em entrevista à rádio Metrópole na manhã desta sexta-feira (6). Na quinta (5), Bolsonaro desprezou a lista tríplice divulgada em junho por eleição interna da ANPR (Associação Nacional de Procuradores da República) e escolheu Aras, 60, para substituir Raquel Dodge, cujo mandato de dois anos termina no próximo dia 17. “Aqueles que foram escolhidos na lista tríplice eram pessoas ligadas à ideologia dominante dentro do Ministério Público”, reiterou Eliana Calmon. Para a ex-ministra do STJ (Superior Tribunal de Justiça), é prerrogativa do presidente da República optar por um nome que corre por fora. Ele afirma, contudo, que, com a lista tríplice, é possível saber os planos dos concorrentes. “Ninguém sabe o que ele [Augusto Aras] pretende fazer, quais são as prioridades dele. Como é que ele vai incrementar a carreira. Só quem deve saber é o presidente, que esteve com ele quatro vezes e conversaram muito.” Ex-colega de Aras no STJ, Eliana Calmon diz que, caso o nome dele seja aprovado pelo Senado, a PGR contará com um chefe de conduta “moderada”. “Trabalhei com Augusto Aras na Procuradoria do STJ. A impressão que eu tenho é que, intelectualmente, ele é excelente, um pessoa moderada. “Agora eu só o via como advogado, porque ele é da época em que o procurador da República podia advogar”, afirmou.