13 de março de 2016
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Com salários atrasados, servidores públicos, aposentados e pensionistas do Estado do Rio usaram as redes sociais para pedir que os bancos sejam compreensivos na cobrança de juros pelas contas vencidas. Os apelos foram feitos depois que o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) anunciou na última terça-feira o atraso no pagamento de fevereiro. Na ocasião, ele pediu a “compreensão” de quem não recebeu na data prevista.Em uma inusitada troca de mensagens com o Itaú Unibanco, a professora Gabriella Costa Silva repassou a justificativa que recebeu do governo estadual. Ela pediu ao banco “compreensão” pelo atraso no pagamento da fatura do cartão de crédito. A conversa teve 7,7 mil curtidas e 13 mil compartilhamentos até o fim da tarde ontem. “Não esperava essa repercussão. Minha intenção foi apenas usar o mesmo argumento do governador”, disse Gabriella. Na conversa, o banco informou que não seria possÃvel isentar a professora da cobrança de juros. Depois, no fim da noite de quinta-feira, Gabriella disse que recebeu uma ligação do Itaú e a sua situação foi, enfim, compreendida. Ela afirma que vai poder pagar a fatura sem juros ou encargos. O sucesso da negociação da professora inspirou outros servidores públicos. A professora Suzana Vidal, de 31 anos, mora em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, e dá aulas de matemática em duas escolas
Ela usou a página do Bradesco no Facebook para pedir que o banco não faça cobrança de juros nem a coloque em crédito especial. No entanto, ainda não obteve resposta. Suzana disse não ter expectativa de conseguir a consideração do banco. “Fiz mais como forma de protesto por tudo o que está acontecendo. Até agora eu não terminei de receber o 13.º, estou com a conta no negativo e vou pagar juros”, disse. Camila Tavares é policial civil e pediu complacência ao Itaú no Twitter. “Sou funcionária do Estado do Rio de Janeiro, administrado pelo Luiz Fernando Pezão, e meu salário ainda não foi pago. Peguem leve no LIS (cheque especial).” Orientada pelo banco a procurar uma das agências ou fazer contato por telefone, para renegociação, a servidora anotou que esperava mais compreensão do banco. “A mensalidade da escola dos meus três filhos e o plano de saúde ficaram atrasados. Tive que pagar com juros. É claro que o banco não vai abrir mão.” O pagamento dos salários foi realizado ao longo de todo o dia de ontem, mesmo após o fim do expediente bancário. As agências amanheceram com filas de servidores na expectativa para conferir se o salário estava creditado. Durante a manhã, a maioria voltou para casa decepcionada. De acordo com o governo, ontem seria pago R$ 1,445 bilhão para 220,3 mil servidores ativos, 153,4 mil aposentados e 94,8 mil pensionistas. O governo fluminense enfrenta grave crise financeira desde o fim do ano passado. Em dezembro, a administração estadual já havia alterado a data de pagamento do funcionalismo público do segundo para o sétimo dia útil da cada mês, e também parcelou o 13º salário em cinco parcelas. Mais uma vez, a justificativa para o atraso foi o “agravamento da crise financeira fluminense, provocada pelo aprofundamento da desaceleração da economia brasileira, recuo nos investimentos da Petrobrás e queda nos preços do petróleo”. Em nota, o Itaú informou que, “por dever de confidencialidade aos clientes”, não poderia comentar os relatos. O banco disse estar disponÃvel para analisar as solicitações dos clientes, pois tem a prática de auxiliá-los a manter seus pagamentos em dia. “Essas iniciativas vão desde orientação financeira para o cliente lidar com situações imprevistas, produtos que permitem reorganizar as finanças até a renegociação em caso de dificuldades.” O Bradesco não respondeu até o fechamento desta edição. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.