A água que abastece as populações de Salvador e cidades do interior baiano parece não sair tão limpa das torneiras. Todos os 27 agrotóxicos que são obrigatoriamente testados por lei foram encontrados no abastecimento dos municípios de Camaçari, Itapetinga, Mucugê e São Félix do Coribe. Salvador apresentou 16 das substâncias testadas. Do total de agrotóxicos, 16 são classificados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como extremamente ou altamente tóxicos e 11 estão associados ao desenvolvimento de doenças crônicas como câncer, malformação fetal, disfunções hormonais e reprodutivas. As informações são do levantamento feito pela ONG Repórter Brasil, em parceira com a Agência Pública e a organização suíça Public Eye. As instituições reuniram dados, entre 2014 e 2017, do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), do Ministério da Saúde, que divulga os resultados de testes feitos pelas empresas de abastecimento do Brasil. Confira os dados das cidades baianas reunidos : Salvador
16 agrotóxicos detectados
8 associados a doenças crônicas como câncer, defeitos congênitos e distúrbios endócrinos
3 agrotóxicos detectados em concentração acima do limite considerado seguro no Brasil
13 agrotóxicos detectados acima do limite considerado seguro na União Europeia
Camaçari
27 agrotóxicos detectados
11 associados a doenças crônicas como câncer, defeitos congênitos e distúrbios endócrinos
3 agrotóxicos detectados em concentração acima do limite considerado seguro no Brasil
22 agrotóxicos detectados acima do limite considerado seguro na União Europeia
Mucugê
27 agrotóxicos detectados
11 associados a doenças crônicas como câncer, defeitos congênitos e distúrbios endócrinos
11 agrotóxicos detectados acima do limite considerado seguro na União Europeia
Itapetinga
27 agrotóxicos detectados
11 associados a doenças crônicas como câncer, defeitos congênitos e distúrbios endócrinos
6 agrotóxicos detectados acima do limite considerado seguro na União Europeia
São Félix do Coribe
27 agrotóxicos detectados
11 associados a doenças crônicas como câncer, defeitos congênitos e distúrbios endócrinos
9 agrotóxicos detectados acima do limite considerado seguro na União Europeia
Procurada pelo bahia.ba, a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) respondeu, em nota, que segue rigorosamente a legislação e assegura que a água tratada está sendo distribuída em condições de potabilidade e não apresenta riscos à saúde humana.
“De acordo com as análises realizadas semestralmente pela empresa no período entre 2014/2017, todas apresentaram valores que demonstram a inexistência de substâncias presentes em agrotóxicos. Isso significa que os parâmetros de potabilidade da água distribuída pela empresa está de acordo com as determinações da Portaria de Consolidação nº 05, anexo XX, de 2017, do Ministério da Saúde”, explicou a Embasa.
Brasil – A mistura dos diferentes agrotóxicos foi encontrada na água de 1 em cada 4 cidades brasileiras. Destes 27 pesticidas detectados, 21 estão proibidos na União Europeia devido aos riscos que oferecem à saúde e ao meio ambiente.
Os números revelam que a contaminação da água no Brasil está aumentando consideravelmente. Em 2014, 75% dos testes detectaram agrotóxicos. Subiu para 84% em 2015, caminhou para 88% em 2016, chegando a 92% em 2017, de acordo com os dados reunidos na pesquisa.
Ainda segundo o estudo, a falta de monitoramento também é um problema grave. Dos 5.570 municípios brasileiros, 2.931 não realizaram testes na água entre 2014 e 2017.