O fiel companheiro do sertanejo e animal símbolo do Nordeste está ameaçado de extinção. O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado da Bahia (CRMV-BA) prevê que, em 2022, já não existam mais jumentos na região. Antes bastante utilizado para transporte de cargas e pessoas, o jumento hoje é vítima do abate e tem seu couro exportado para países asiáticos, principalmente a China. Dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento mostram que 5.396 jumentos foram abatidos na Bahia somente em abril de 2021. Os números do IBGE reforçam que a presença da espécie entre nós é cada vez menor. Em 1995, havia cerca de 300 mil cabeças na Bahia, caindo para 168 mil em 2006 e para 93 mil em 2017.
“O jumento está no Brasil desde o tempo do descobrimento e foi se reproduzindo, desenvolvendo espécies que só existem aqui e que vão acabar. Pelos números apresentados nos levantamentos do próprio Ministério da Agricultura, a partir do ano que vem, não teremos mais jumentos na Bahia e nem no Nordeste inteiro”, aponta a médica veterinária e diretora técnica do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, Vânia Nunes.
A pele dos jumentos é procurada pela indústria farmacêutica e de cosméticos e usada para produzir o ejiao, uma gelatina da Medicina Tradicional Chinesa, que promete longevidade e virilidade. Os principais destinos das exportações brasileiras de peles cruas e couros de jumentos, mulas e cavalos são Itália, Portugal, Hong Kong, Espanha e China. Não conseguindo atender sozinhos as demandas do mercado interno, eles importam de países da África e América do Sul.