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11 de janeiro de 2016
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Bactérias da Antártida podem ajudar com células cancerígenas

Imagem Reprodução

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Nas condições extremas das geleiras da Antártida vivem bactérias capazes de sintetizar nanopartículas fluorescentes que podem ser utilizadas para marcar células cancerígenas e rastrear diferentes tipos da doença. Essas nanopartículas são geradas no interior de micro-organismos muito resistentes a condições extremas, como alta exposição aos raios ultravioleta, a falta de nutrientes e as baixas temperaturas da Geleira União, na Antártida profunda, segundo o pesquisador Luis Saona, do Centro de Bioinformática e Biologia Integrativa (CBIB) da Universidade Andrés Bello (UNAB) e da Universidad de Chile. Saona é um dos 15 integrantes da expedição chilena que está na Estação Polar Científica da Antártida, operada em conjunto pelo Instituto Nacional Antártico do Chile (Inach) e as forças armadas. Até agora, as nanopartículas eram criadas principalmente através de processos químicos que envolviam metais pesados como cádmio, telúrio e mercúrio, o que aumentava sua toxicidade e prejudicava a aplicação biológica. É por isso que, há alguns anos, o Laboratório de Bionanotecnologia e Microbiologia comandado por Pérez-Donoso, por meio de pesquisas desenvolvidas por cientistas como Saona, começaram a se concentrar em nanopartículas de cobre, um mineral menos tóxico para o organismo e que, através de um método patenteado recentemente, é capaz de criar nanopartículas com grande poder de emissão de luz. “O desafio atualmente é sintetizar nanopartículas de forma natural, por meio de uso de micro-organismos capazes de gerar essas nanoestruturas na presença do cobre”, explicou o cientista. A graça de trabalhar com esse tipo de bactéria que vive em ambientes extremos, segundo Saona, é que, ao submetê-las ao tratamento de estresse, elas são capazes de criar essas nanopartículas fluorescentes buscadas pelos pesquisadores. O cobre é o único elemento externo que os cientistas acrescentam para criar essas nanopartículas que, ao serem introduzidas em células cancerígenas, podem identificar seu movimento dentro do organismo e ajudar a entender como elas se expandem para outros órgãos. “O que estamos estudando é a possibilidade desses micro-organismos antárticos criarem em seu interior as nanopartículas fluorescentes, cuja toxicidade é muito menor, pois estão cobertas com proteínas e moléculas orgânicas próprias de um organismo vivo”, detalhou. Além de testar as nanopartículas de cobre em tecido celular, os cientistas trabalham para utilizá-las em protótipos de células solares para construir painéis baseados em cobre para gerar energia a partir da luz do sol. “Essas nanopartículas conseguem coletar fótons: recebem a luz do sol, obtêm energia e emitem fluorescência. O que fazemos em uma célula solar é pegar esse fluxo de elétrons e tentar transformá-lo em corrente elétrica ao invés de fluorescência”, afirmou Saona. O objetivo das pesquisas desenvolvidas na Universidade Andrés Bello, que ainda estão em uma fase preliminar de desenvolvimento, é substituir os materiais baseados no silício por um processo “muito mais ecológico”. “Por enquanto, estamos em uma etapa embrionária, mas há muitos estudos que garantem que as células solares de quarta geração utilizarão nanopartículas desse tipo ou componentes biológicos”, destacou o pesquisador. Com o objetivo de avançar nas pesquisas, Saona ficou por duas semanas na Geleira União, situada a apenas mil quilômetros do polo sul, para coletar amostras que contivessem esses micro-organismos que depois seriam isolados nos laboratórios. Além de representar um avanço no tratamento do câncer e na criação de energias renováveis, essa tecnologia “totalmente chilena” poderia dar valor agregado a um produto nacional que até o momento só é vendido em estado bruto. “O Chile é há anos o principal exportador de cobre do mundo e, no entanto, fomos incapazes como país de fazer negócio com ele em um estado que não seja o natural”, criticou Saona. “Isso tem que mudar e tanto esse projeto como outros que desenvolvemos no Laboratório de Bionanotecnologia e Microbiologia da UNAB apontam nessa direção, dar valor agregado a minerais de importância para nosso país, como o cobre e o lítio”, concluiu. (EFE)