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15 de junho de 2020
Caculé

Caculeense leva a cultura baiana em forma de texto para fora do Brasil

Foto: Reprodução

“Os livros são asas para quem quer voar, são pão vivo para quem tem fome metafórica, são lamparinas que iluminam os caminhos dos que acreditam que podem ir além”. É assim que a professora Caculeense, Maria Angélica Rocha Fernandes, define sua paixão pelo ensino e pela leitura. Oriunda de escola pública, encontrou na educação uma oportunidade de melhorar de vida e, mais que isso, de tornar-se exemplo para a juventude, em especial para a filha que no próximo mês fará 13 anos. “Quero que minha filha se orgulhe da mãe, que tantas vezes a deixou em prol da educação”.

Antes de ser mãe, a professora Angélica como é conhecida por muitos, já era educadora. Tudo começou em 1994, quando ela se formou em Letras, pela Universidade Estadual da Bahia, (UNEB), Campus de Caetité. Ao se formar, passou a ensinar em sua cidade, no ensino fundamental. E em 1998 começou a atuar na rede estadual, no Colégio Norberto Fernandes, por meio de um concurso público, no qual obteve primeira colocação. Para a docente que também atua na Uneb de Brumado desde 2004, a burocracia é um dos grandes problemas na educação. “Em todos os âmbitos e setores, somos ‘mandados’ muitas vezes por indivíduos que desconhecem a realidade de uma sala de aula, que burocratizam o que desconhecem”, desabafa.

A longa experiência como docente, orientadora e inspiraçãopara muitos alunos caminha junto com os estudos. Angélica não parou na graduação. Em 2014 se tornou Mestre em Estudos Literários, pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFES). Concluiu o curso de Arte na Faculdade Entre Rios do Piauí (FAERPI), em 2017 e nesse mesmo ano iniciou o Doutorado em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ.

A mulher de “quase 50 anos”, como brinca, considera uma ousadia continuar a estudar. Para ela, essa é a melhor maneira de alcançar também, a liberdade de escolha. “Ser provedores das nossas vidas, sem precisarmos trocar nossa dignidade por qualquer coisa, esse é o meu maior orgulho”. Orgulho é o que Angélica é para a educação em Caculé. Com dois livros, sendo um deles publicado em 2017, com o título “Práticas e vivências na Educação de Caculé”, ela tem publicação em mais de 18 livros,diversos artigos, contos e poesias. Além disso, apaixonada por literatura e pelas obras do escritor Jorge Amado, já levou o nome da cidade por seis vezes a uma revista internacional. A última publicação na SG MAG de Porto emPortugal, é de março deste ano.

Mais do que para ter um currículo extenso, a professora enxerga seus textos em terras lusitanas como motivo de alegria, porque é uma forma de se eternizar. “Quem escreve não morre”, afirma. Para ela, a literatura tem o poder de levar a cultura baiana para outras terras. “Autores como Jorge Amado e Dias Gomes levaram nossas histórias e cultura para lugares incontáveis do mundo, tanto no impresso, quanto nas telenovelas”.

Quando perguntamos qual é a mensagem de incentivo para os jovens, a educadora não hesita em dizer: “a educação é uma forma de oportunizar a ascensão social, minha prática mostra que é possível pobres chegarem aonde quiserem”. Ela ainda acredita que a leitura e a arte têm o poder de ir além do material, “ as artes, de um modo geral, salvam da ignorância”, conclui. Caculeense já publicou em 18 livros.