A Bamin, empresa controlada pelo Eurasian Resources Group, do Cazaquistão, anunciou esta semana que prevê investir R$ 4 bilhões em cinco anos para ampliar a capacidade de produção de sua mina Pedra de Ferro, que iniciou operação comercial em janeiro e promete transformar a Bahia no terceiro maior Estado produtor de minério de ferro do Brasil. A informação foi publicada pela Agência Reuters.
No momento, a capacidade de produção da mina é de 2 milhões de toneladas por ano. Segundo a empresa, a previsão é extrair metade disso em 2021. Os investimentos na estrutura de mina, planta de beneficiamento e barragem, permitirão a produção de até 18 milhões de toneladas de capacidade em cinco anos, tempo também necessário para a construção da infraestrutura para escoamento do volume maior.
A viabilização do escoamento necessita da conclusão do Porto Sul, em Ilhéus (BA), e da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), cujo trecho que transportará o produto da Bamin está com 70% de conclusão e será leiloado à iniciativa privada no dia 8 de abril. A construção do complexo portuário do Porto Sul foi iniciada e receberá aporte de mais R$ 4,6 bilhões da Bamin e será operado pela companhia, em parceria com o Estado da Bahia.
“Esse projeto tem um potencial de geração de empregos muito importante e deverá tornar a Bahia no terceiro maior Estado produtor de minério de ferro”, disse Eduardo Ledsham, CEO da Bamin, em uma entrevista por videoconferência à Reuters. Atualmente, os três Estados que mais produzem minério de ferro são Pará, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. “E nós estamos apenas raspando a superfície, a Bahia tem um potencial que vai muito além da Bamin.”
O executivo destacou ainda que o projeto mostra grande sinergia com o agronegócio, uma vez que a Fiol terá também como objetivo escoar produção agrícola, e o Porto Sul terá capacidade para movimentar até 40 milhões de toneladas/ano. A Bamin planeja participar do leilão da Fiol, em parceria, afirmou Ledsham, que evitou entrar em detalhes, pois as negociações ocorrem sob contrato de confidencialidade.
O primeiro embarque do ano já ocorreu, e no primeiro trimestre as vendas serão direcionadas para o mercado interno. A comercialização para o mercado externo está prevista para partir de abril, de acordo com a companhia.
A comercialização de minério em escala reduzida e destinada ao mercado interno utiliza o modal rodoviário, que leva o minério da mina até o terminal próprio no município de Licínio de Almeida, e ferroviário (via ferrovia da VLI), por onde segue até seu o destino.
Nas vendas para o mercado externo, também será utilizado o modal marítimo, no qual a empresa tem como opções os portos baianos de Enseada e Aratu, além de portos em outros Estados.
O executivo pontuou que o projeto iniciou operação em um momento interessante, em que os preços do minério de ferro estão em alta, diante de uma grande demanda da China.
“Vejo que estamos diante de um novo ciclo de alta do minério de ferro”, afirmou Ledsham.
A mina Pedra de Ferro contém reservas de 550 milhões de toneladas, sendo um terço de hematita e o restante de itabirito. A hematita, que será comercializada nos primeiros cinco anos, tem cerca de 65% de teor de ferro e baixo teores de contaminantes.
Para a produção do itabirito, a companhia precisará beneficiar o minério e contará com a construção de uma barragem de rejeitos de mineração construída pelo método de alteamento a jusante, com capacidade de até 180 milhões de metros cúbicos, que só deverá ser alcançado ao final dos 30 anos de operação.
Mina e porto da Bamin deverão gerar 10 mil empregos diretos e 60 mil indiretos na implantação e 1.500 empregos diretos e 9 mil indiretos na operação. A companhia tem um compromisso de contratar pelo menos 60% da mão de obra local. (Com Reuters)