Enquanto o governo Lula tenta equilibrar a pressão política do PT contra o fim da desoneração dos tributos federais sobre a gasolina e o álcool, o setor de transportes levanta ameaças de aumento no frete por causa do diesel.
Embora a desoneração sobre o diesel, o biodiesel e o gás de cozinha tenha sido estendida até dezembro, a CNT (Confederação Nacional do Transporte) diz que haverá alta no custo do transporte se o governo decidir elevar o percentual de biodiesel na mistura obrigatória ao diesel.
Na sexta-feira (24), o Ministério de Minas e Energia disse à Reuters que o teor da mistura será revisto pelo Conselho Nacional de Política Energética no mês que vem. A ideia é que as bombas de combustível tenham novo percentual já em abril.
A CNT reagiu dizendo que a elevação de biodiesel vai encarecer o preço do frete.
“O eventual acréscimo do teor do biodiesel irá gerar custos adicionais ao valor do frete, que serão transferidos a toda população, traduzindo-se em acréscimos inflacionários e encarecendo ainda mais o transporte e, por consequência, os produtos consumidos e exportados”, diz a CNT em nota.
Ao longo da gestão Bolsonaro, o governo fez cortes no percentual da mistura como forma de diminuir o preço do diesel nos postos e acalmar a relação conflituosa com os caminhoneiros. Até 2021, a mistura era de 14%. Hoje está em 10%.
A CNT argumenta que o biodiesel reduz a eficiência energética dos motores, ampliando o consumo dos veículos.
“A experiência da utilização de 13% de biodiesel ocorrida no passado já comprovou isso. Há diversos relatos de panes súbitas em ônibus e caminhões, que se desligaram sozinhos durante funcionamento em rodovias. Isso pode provocar acidentes com vítimas fatais, o que preocupa todo o setor de transporte no Brasil”, disse.