1 de fevereiro de 2016
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Em um cenário de incertezas – embalado pelo desemprego, inflação crescente, alta taxa de juros e mudanças nas regras dos financiamentos de imóveis –, o setor de consórcios apresentou alta de 13,5% no volume de negócios, de janeiro a novembro de 2015. O dado é da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac). O acumulado dos negócios com a modalidade atingiu R$ 79,74 bilhões contra R$ 70,24 bilhões de 2014. Os dados do período confirmam que os consórcios são vistos pelo consumidor como uma alternativa para quem quer fugir das altas taxas de juros e fazer um investimento a longo prazo – seja em um automóvel, imóvel, ou outros bens. Na Bahia, as empresas do setor registraram alta de até 31% nas vendas de cotas de 2014 para 2015. “Atribuímos esse aumento, principalmente nos segmentos de imóveis e veículos, à mudança de comportamento do consumidor. As pessoas estão com orçamento apertado, enfrentando restrição ao crédito, e estão sendo obrigadas a se planejar”, disse o presidente da Abac, Paulo Rossi. Ele explica que um consórcio funciona como uma poupança coletiva. Para ser contemplado com a carta de crédito e realizar a compra é preciso ser sorteado ou dar um lance para obtê-la antes do prazo. “A melhor modalidade de compra continua sendo à vista. Mas, levando em consideração o bolso do consumidor, o consórcio tem prestações mais atrativas”, afirma.
Vantagens – Entre as vantagens, empresários do setor citam o fato das administradoras não cobrarem juros. “Cobramos uma taxa de administração. No caso de automóveis, a taxa média é de 16% (ao ano), o que dá cerca de 0,25% ao mês. No caso de imóveis, a taxa é de 25%, uma média de 0,25% mensais. Um financiamento chega a ser 100% mais caro do que um consórcio”, diz a diretora do Consórcio Luiza, Edna Honorato. Na Bahia, a administradora aumentou o volume de vendas em 31% de janeiro a dezembro de 2015. O segmento de automóveis cresceu 75%, o de imóveis 41% e o de eletroeletrônicos 11%. “No consórcio de imóveis, os consumidores podem usar o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para pagar parcelas, ofertar lances, quitar ou complementar o valor da sua carta de crédito”. Com duas filiais na Bahia, o Consórcio Embracon teve um crescimento de 30% no faturamento e de 20% no número de cotas de 2014 para 2015. “A empresa aposta no mercado baiano, um dos líderes em vendas de cotas de automóveis. Em 2015, dobramos os funcionários da área comercial e abrimos uma nova filial”, diz o gerente comercial Everson Silva. Ele considera que a taxa de administração é irrisória comparada ao preço pago no financiamento. “Em um produto de R$ 200 mil, financiado em 360 meses, o consumidor vai pagar quase R$ 400 mil (soma de todas as parcelas). Já o mesmo item no consórcio sai por R$ 238 mil”. O BB Consórcios informa ter registrado um crescimento de 10,3% no volume de contratações, em 2015, em comparação a 2014. Entre os benefícios da modalidade, a empresa cita a possibilidade de alterar o valor da carta de crédito antes da contemplação. Foi justamente o que fez a ex-bancária Jovenita Rocha, 65 anos. Ela pagou 40 de 80 parcelas de um carro consorciado. Mas, por conta da situação financeira, reduziu o valor do produto. “Antes, o total era de R$ 52 mil. Como o bolso apertou, reduzi para R$ 35 mil”, diz. Jovenita considera o consórcio uma alternativa mais barata para comprar um bem de grande valor.
Cuidado – O educador financeiro da DSOP Silvio Bianchi considera que, apesar do consórcio forçar as pessoas a ter uma disciplina financeira, a modalidade dá uma falsa impressão de ser mais vantajosa por não ter juros. Isso porque há o pagamento da taxa de administração – que é reajustada anualmente de acordo com o valor do bem. Dependendo do item, pode haver ainda cobranças de taxas extras e seguro. Segundo o especialista, a desvantagem do consórcio é que o consumidor não terá o produto imediatamente. “Não pode ter pressa. Não é bom para quem está precisando do item com urgência. Não dá para saber quando receberá o item”, considera. Ele alerta que, quem optar pela modalidade, não pode atrasar o pagamento das parcelas, pois terá que pagar multas e não poderá participar dos sorteios. Bianchi diz que o investimento é interessante porque dá para saber o valor da parcela a ser paga todos os meses, não precisa de garantia e é uma alternativa para quem tem dificuldade de acessar crédito. “É importante fazer um diagnóstico financeiro, analisando o quanto ganha e em que o dinheiro está sendo gasto para identificar desperdícios e cortá-los. Assim será mais fácil caber no orçamento”, diz. (Correio)