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25 de abril de 2016
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Com impeachment, Partido do Trabalhador vive onda de deserções e perde 1 de cada 5 prefeitos

IMAGEM REPRODUÇÃO

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A janela de filiação partidária aberta no mês de março e a possibilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) impulsionaram o movimento de debandada de prefeitos petistas para outros partidos políticos. A seis meses das eleições municipais, levantamento feito pela Folha no sistema de filiação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) aponta que, de cada cinco prefeitos do PT eleitos em 2012, um deixou o partido. Os dados mostram filiações e desligamentos concluídos até 15 de abril. Ao todo, 135 dos 638 prefeitos eleitos pelo PT pediram desfiliação ou foram expulsos do partido. Essa conta inclui gestores que renunciaram ou foram cassados. O maior desgaste da legenda está concentrado em São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro, governados pelo PSDB e pelo PMDB, mas o movimento também atingiu Estados comandados por petistas, como a Bahia e Minas Gerais. Em São Paulo, 35 dos 73 prefeitos eleitos migraram. No Paraná, foram 18 baixas entre 40 gestores. No Rio de Janeiro, mantiveram-se fiéis ao PT só quatro dos 11 prefeitos eleitos há quatro anos. Em Mato Grosso do Sul, oito dos 13 prefeitos saíram . Está nesse grupo Paulo Duarte, gestor de Corumbá, município com mais de 100 mil habitantes. A maior parte das desfiliações ocorreu neste ano, após a prisão do senador Delcídio do Amaral, tido até então como a estrela do partido no Estado. As baixas atingiram ainda cidades com mais de 500 mil habitantes, próximas de grandes metrópoles, como Osasco (SP) e Niterói (RJ). Em outubro do ano passado, a Folha já havia mostrado que a grave crise econômica, as acusações de corrupção apuradas na Lava Jato e o desgaste de popularidade de Dilma haviam feito 69 prefeitos eleitos pelo PT em 2012 abandonarem o partido. Agora, seis meses depois, o número de deserções praticamente dobrou. O início da tramitação do pedido de impeachment da petista na Câmara ocorreu entre os dois levantamentos, em dezembro. Para o cientista político Carlos Melo, professor do Insper, pesa sobretudo a proximidade das eleições nas decisões tomadas pelos prefeitos. “Há vários prismas a considerar: a má imagem do PT com a Lava Jato, a dificuldade dos municípios de renegociar dívidas com o governo federal, de obter repasse e de aumentar arrecadação. Sair do partido dá a esses prefeitos o discurso da oposição ao menos”, afirma Melo. O secretário nacional de organização do PT, Florisvaldo Souza, no entanto, diz que a perda de prefeitos não é um assunto que preocupa a agremiação neste momento. “Temos um golpe em curso. Não estamos preocupados com quem saiu, mas sim com quem ficou e vai defender a democracia e nosso legado”, afirmou Souza, destacando que o partido teve crescimento de militantes filiados. Para o dirigente, apesar de ter perdido alguns quadros históricos, a maioria dos prefeitos que deixou o PT não possuía raízes no partido. “São pessoas que vieram na onda e na onda saíram. Estão mais interessadas em objetivos eleitorais do que programáticos”, diz ele. Filiado ao PT em 2011, eleito em 2012 e desligado do partido neste ano, o prefeito de Maracás (BA), Paulo dos Anjos, é retrato da “onda” citada pelo dirigente da legenda. Ele diz que trocou o PT pelo nanico PSL (Partido Social Liberal) por divergências locais com o comando da legenda. Mas dos Anjos argumenta que o atual cenário de crise do PT também influenciou a sua decisão. “A gente vê tanta coisa errada que acaba ficando entristecido, desiludido”, diz o prefeito, que vai disputar a reeleição neste ano. Já o prefeito de Osasco, Jorge Lapas, migrou para o PDT (Partido Democrático Trabalhista) após 11 anos no PT. Em carta aberta à população, Lapas observou que a antiga sigla vive “momento delicado no cenário nacional”, mas ressaltou o papel das disputas internas em sua decisão. “No âmbito municipal, a legenda vem se deixando levar por visões e interesses individuais, que dividem o partido e promovem um clima de insegurança e instabilidade em nossos aliados”, disse. O prefeito travou disputa local com o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha, condenado no mensalão. Se ao fim dessa janela de filiação o PT conta com 503 prefeitos, o professor do Insper avalia ser plausível que o número diminua –e que deputados estaduais e federais também deixem o partido nos próximos meses. “Haverá um efeito cascata. Houve um enfraquecimento grande do PT, e é improvável que a legenda vença todas as reeleições ou eleja sucessores para obter mais que os 500 prefeitos atuais. Como o Legislativo depende das máquinas municipais, é natural a perspectiva de procurar alternativas”, afirma Melo.